Por João Arruda | Cáceres
Em uma mobilização que se estendeu por 120 quilômetros das margens do Rio Paraguai, em Cáceres (a 210 km de Cuiabá), o 37º Mutirão de Limpeza da bacia hidrográfica resultou na coleta de impressionantes quatro toneladas de lixo doméstico e resíduos de construção. A ação, realizada no último dia 19 de outubro, reuniu mais de 200 voluntários e diversas embarcações para combater a poluição que afeta um dos ecossistemas mais importantes do país.
Liderando a iniciativa, os ambientalistas Claudionor Duarte Corrêa e o oficial aposentado da Marinha Renato Thomaz celebraram uma pequena redução na quantidade de lixo recolhido em comparação com edições anteriores. No entanto, a dupla fez um alerta: “O ideal seria que, doravante, não houvesse necessidade de reunir voluntários e ambientalistas para limpar sujeira desovada em áreas de proteção ambiental, como matas ciliares em locais como baías, corixos, furados e lagoas”, ponderaram, enfatizando a necessidade de conscientização e descarte correto.
A operação logística foi robusta, contando com o apoio de três chalana-hotéis – Manduvi, Lorcas e Fishing – que serviram como bases flutuantes. Além disso, 30 pequenas embarcações atuaram no transporte do lixo coletado e dos mais de 200 voluntários, que foram divididos entre essas lanchas menores.
A força por trás da ação: perfis dos líderes
Renato Thomaz, oficial aposentado da Marinha, é uma figura emblemática nas questões de navegação e ambientais da região. Natural de Torres (RS), ele serviu à Marinha Brasileira por mais de 30 anos, passando por bases continentais e navios da Armada. Em 1983, como primeiro-tenente, foi transferido para a Base Fluvial de Ladário (MS) e, posteriormente, para a então Capitania dos Portos de Mato Grosso, sediada em Cáceres, onde encerrou sua carreira militar. Em Cáceres, Renato não apenas construiu o primeiro estaleiro do estado, mas também iniciou a pioneira iniciativa de coleta de lixo descartado indevidamente nas margens do Rio Paraguai e seus afluentes.
Claudionor Duarte Corrêa
Claudionor Duarte Corrêa, servidor municipal e guia turístico, é outro pilar da causa ambiental em Cáceres. Natural de Campo Grande (MS), ele se mudou para Cáceres no início dos anos 1980 com sua esposa Cláudia Corrêa, residindo por mais de 40 anos. Mesmo após sua aposentadoria e retorno à cidade natal, Claudionor mantém laços estreitos com Cáceres, participando ativamente dos Festivais de Pesca como árbitro e organizador, e deslocando-se à cidade pelo menos quatro vezes ao ano para os mutirões de limpeza.
Uma Rede de Solidariedade e apoio
A 37ª edição do Mutirão de Limpeza do Rio Paraguai só foi possível graças à vasta rede de apoio e colaboração. Entre os grupos organizados que participaram ativamente estavam o Rotary Club Cáceres, a Unemat (LIPAN e LAPEGEOF), Monitores Ambientais LOBO GUARÁ (SGT Silva), reeducandos e o Exército Brasileiro.
Os apoiadores incluíram a Autarquia Águas do Pantanal (com estrutura e logística de reciclagem), a Marinha do Brasil (Agência de Cáceres), Recanto do Dourado, JUVAM, SMMADE e o Estaleiro O Capitão.
A lista de colaboradores também é extensa e vital para a realização do evento, contando com Juba Supermercado, Supermercado Todo Dia, Padaria Pão e Cia, Areeira Proeste (Aluísio), Areeira Monte Verde, Claudio Oliveira (Sind. Rural), Estacionamento de Barco Moreno do Rio, Gráfica Tríade, Placão Comunicação Visual, Contatus Comunicação Visual e Náutica Campo Verde.
As embarcações de apoio logístico para o translado de participantes e coleta de lixo incluíram o Barco Hotel Sportfishing (Cleres Tubino), Barco Hotel Lorcas Tour (Moacir), Barco Hotel Manduvi do Pantanal (Alonso) e São Lucas do Pantanal (Rodrigo), além das cerca de 26 embarcações de pequeno porte que garantiram o suporte no terreno.
A organização geral ficou a cargo de Cap. Renato Thomaz, Claudionor D. Corrêa, Marcela Aparecida Roque (Estaleiro O Capitão) e Cesar Lopes Holanda (Estaleiro O Capitão), com a participação direta ou indireta de representantes de todas as entidades e usuários do Rio que integraram as reuniões preparatórias.
O mutirão reforça a importância da união comunitária e da conscientização ambiental para a preservação do Rio Paraguai, um tesouro natural que exige atenção e cuidado contínuos.