A Justiça de Mato Grosso acatou o pedido de prisão preventiva do policial militar Ricker Maximiniano de Moraes, réu por uma tentativa de homicídio contra um jogador de futebol ocorrida em 2018, em Cuiabá. O pedido foi feito pelo promotor de Justiça Jacques de Barros Lopes, motivado por um grave novo acontecimento: a prisão de Moraes na última segunda-feira (26/05) sob a suspeita de ter assassinado a própria esposa, Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, que seria testemunha de defesa no julgamento do caso de 2018.
O Tribunal do Júri referente à tentativa de homicídio estava agendado para esta quarta-feira (28/05/2025), mas foi redesignado para o dia 8 de julho. O adiamento ocorreu após o réu desconstituir seu advogado durante a sessão, alegando conflito na tese de defesa.
O Crime
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) sustenta que, em 2018, na Avenida General Melo, Ricker Maximiniano de Moraes atirou contra um adolescente, então com 17 anos, que era um promissor jogador de futebol. O crime, segundo o MP, foi cometido por motivo fútil e dificultou a defesa da vítima.
Conforme os autos, a vítima estava voltando para casa com outros dois adolescentes quando se depararam com o PM e sua namorada discutindo na rua. O policial teria interpelado os jovens: “O que vocês estão rindo? VAZA, VAZA!”, antes de exibir uma arma de fogo. Assustados, os adolescentes fugiram, mas o PM os perseguiu. A vítima, ao perceber que o policial havia parado, também interrompeu a corrida, momento em que foi atingida pelas costas por disparos de arma de fogo.
O promotor Jacques de Barros Lopes ressaltou o impacto devastador do incidente na vida do jovem: “Esse jovem tinha um pré-contrato com um time de futebol, era um jogador promissor. Ele teve sua carreira esportiva e profissional completamente ceifada. O jovem possui sequelas graves em decorrência do ferimento por arma de fogo. Perdeu a locomoção e o movimento de uma das pernas por um tempo. Usou sonda durante bastante tempo.”
Durante o processo, o réu teria tentado descredibilizar os jovens, alegando uma tentativa de assalto. “Ele tenta, a todo momento, criar um estereótipo de bandido para os jovens, porque, na cabeça dele, eram jovens com aparência de criminosos. Quando, na verdade, eram apenas jovens pobres, negros, que estavam de camiseta, chinelo e boné, caminhando por uma rua da cidade,” pontuou o promotor.
Adiamento do Júri
O Júri desta quarta-feira foi adiado devido a um “conflito na tese de defesa”. O promotor explicou: “a própria defesa técnica reconhecia a materialidade, a autoria, reconhecia ali o crime que ele cometeu, queria que ele confessasse, mas ele se negou a confessar. Com base nisso, ele desconstituiu o advogado e aí foi necessário redesignar uma nova data para o júri”.
A situação do policial militar Ricker Maximiniano de Moraes se agravou drasticamente com sua prisão na última segunda-feira, suspeito de assassinar a tiros sua esposa, Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, de 31 anos. A vítima seria uma das testemunhas de defesa no julgamento da tentativa de homicídio.
O promotor justificou o pedido de prisão preventiva do réu, que foi acatado pela Justiça, apontando a reiteração delitiva e o perigo à ordem pública. “Por ele ter cometido esse crime bárbaro, demonstrando reiteração delitiva, um padrão de comportamento criminoso, sendo um indivíduo extremamente perigoso à ordem pública e social, e também por ter matado uma das testemunhas do processo, vi um risco à instrução criminal. Em razão da necessidade de garantir a segurança da sociedade e das demais testemunhas, foi decretada, então, a prisão preventiva dele”, concluiu o promotor de Justiça.