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Juiz é alvo de nova fase de operação; corrupção e lavagem de dinheiro



Por Brisa Sanches | Portal Mato Grosso
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (29.05), a 8ª fase da Operação Sisamnes, que investiga crimes de corrupção judiciária e lavagem de dinheiro em Mato Grosso. O principal alvo desta etapa é o juiz da Comarca de Vila Rica, Ivan Lúcio Amarante, que já estava afastado de suas funções e agora enfrenta novas medidas judiciais.
Ivan Lúcio Amarante passou a ser investigado após suspeitas de pagamentos e lavagem de dinheiro envolvendo uma empresa ligada ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como o líder de um esquema de venda de sentenças. As investigações indicam que a empresa de Andreson teria repassado valores a familiares do magistrado, dissimulando pagamentos milionários de propinas em troca de decisões judiciais proferidas pelo juiz, vinculado ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Na manhã de hoje, o juiz Ivan Lúcio Amarante foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Ele é suspeito de ter recebido, ao menos, R$ 1 milhão em vantagens indevidas do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá. O crime de Zampieri foi o ponto de partida para a Operação Sisamnes, após a descoberta de milhares de mensagens no celular da vítima com o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que indicavam o suposto esquema de venda de sentenças.
Afastamento e movimentações suspeitas
O magistrado já se encontrava afastado de suas funções desde outubro de 2024, por uma decisão liminar do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, devido às suspeitas de seu envolvimento no esquema. Nesta quinta-feira, seu afastamento foi novamente determinado, desta vez por decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na última terça-feira (27), durante sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o juiz, e seu afastamento foi mantido, reiterando a gravidade das acusações.
De acordo com informações apresentadas pelo ministro Campbell em seu voto no CNJ, Ivan Lúcio Amarante teria recebido aproximadamente R$ 1 milhão de Roberto Zampieri. Parte desses valores teria sido repassada por meio de terceiros, incluindo sua atual esposa, Mara Patrícia Nunes Amarante, e sua ex-esposa, Jucimara de Souza Amarante. Ambas teriam feito transferências para o magistrado utilizando empresas de fachada no setor de transporte.
Detalhes da lavagem de dinheiro
Uma das informações que mais chamou a atenção dos investigadores foi o compartilhamento da chave Pix de Mara Patrícia Nunes Amarante entre o juiz Ivan e o advogado Roberto Zampieri. Além disso, entre setembro de 2023 e julho de 2024, Mara Patrícia realizou 43 transferências bancárias para o juiz, que somam cerca de R$ 750,9 mil.
No entanto, a empresa registrada em nome de Mara Patrícia não possui capacidade financeira compatível com essas operações, pois não tem funcionários registrados nem atividade operacional que justifique os valores movimentados.
A ex-esposa do magistrado, Jucimara de Souza Amarante, também é citada nas investigações. Entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023, a empresa JSA Logística e Transportes Ltda, ligada a ela, movimentou R$ 208 mil em 10 repasses para Ivan Lúcio Amarante.
O ministro Campbell destacou que o valor total recebido pelo juiz pode ultrapassar R$ 1 milhão, uma vez que a análise completa dos dados fiscais de sua esposa ainda está em andamento.
 



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