Início GERAL Governo e oposição travam queda de braço para controlar CPI

Governo e oposição travam queda de braço para controlar CPI



O governo Lula (PT) e a oposição iniciaram uma disputa para influenciar os partidos do centrão, com o objetivo de conseguir vantagem na escolha dos integrantes da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
 
Legendas como União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos têm em seus quadros nomes mais alinhados com o governo e outros ligados à oposição. A indicação de nomes por esses partidos pode definir os rumos da investigação sobre desvios em aposentadorias.
 
A crise do INSS causou desgastes na imagem de Lula e, na avaliação de ministros, travou as tentativas de melhorar sua popularidade. Parte da população, no entanto, também atribui ao governo de Jair Bolsonaro (PL) responsabilidade pelas fraudes.
 
Os lulistas querem explorar este flanco, com a convocação de ex-integrantes da gestão passada que teriam firmado convênios com as entidades suspeitas.

 
Bolsonaristas pretendem focar a investigação no crescimento explosivo dos descontos sob o governo Lula, na participação de um dos irmãos do presidente como dirigente de uma das associações investigadas e na ligação histórica de parte dessas entidades com a esquerda.
 
Os dois caminhos dependem do controle que cada grupo político terá sobre as votações que definirão, por exemplo, quem será convocado a prestar depoimento. O colegiado terá 15 deputados e 15 senadores titulares, com igual número de suplentes.
 
O prazo para indicar os integrantes ainda não foi aberto pelo Congresso. O governo sabe que os partidos de sua base aliada são rachados e já atua para convencer os líderes de cada bancada a escolherem como seus representantes na CPMI aqueles congressistas mais alinhados ao Palácio do Planalto, deixando de fora aqueles ligados à oposição.
 
Líderes dos partidos, no entanto, dizem nos bastidores que o clima nas bancadas é de insatisfação pela demora no pagamento das emendas parlamentares e que não há disposição em ajudar o governo neste momento. O cenário pode mudar até a instalação da comissão, que só deve ocorrer em agosto, depois do recesso parlamentar do meio do ano.
 
Além disso, o governo chegou atrasado para fazer essa solicitação a alguns partidos. O PSD da Câmara, por exemplo, já escolheu como titular o deputado Sidney Leite (PSD-AM) -que apresentou um projeto com viés crítico, para acabar com os descontos pelo INSS.
 
Como suplente, será indicado o deputado Carlos Sampaio (PSD-SP), um ex-tucano que faz oposição ao PT e com histórico de participação em CPIs, com experiência como promotor do Ministério Público.
 
A cúpula da CPMI está parcialmente definida. A presidência ficará com o senador Omar Aziz (PSD-AM), um aliado do presidente Lula. Ele será o responsável por decidir quais requerimentos entrarão em pauta e a data de oitiva das testemunhas e investigados.
 
Já a relatoria ainda é disputada. Caberá ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidir o nome. O governo defende a escolha da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que foi uma das subscritoras do requerimento de CPMI, mas é alinhada ao Palácio do Planalto. A oposição é contra e sugeriu a Motta outras opções.
 
Ele prometeu escolher esse nome até a próxima semana. Como mostrou a Folha, Motta afirma que pretende indicar alguém “neutro”, que não seja nem ligado ao governo e nem à oposição. Aliados dizem que o escolhido deve pertencer a um partido de centro-direita, e o União Brasil é um dos mais cotados. O relator é quem elabora o parecer com os pedidos de indiciamento.
 
A comissão investigará descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS, solicitados por entidades, sem autorização dos beneficiários. A fraude pode ter movimentado até R$ 6 bilhões, de acordo com Polícia Federal e CGU (Controladoria-Geral da União), e causou a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência.
 
A CPMI funcionará por 180 dias (seis meses). Como a instalação só deve ocorrer em agosto, o fim dos trabalhos está previsto para o início de 2026, ano eleitoral.



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