A Polícia Civil de Mato Grosso, em ação conjunta com as polícias civis de Rondônia (RO) e do Paraná (PR), deflagrou nesta terça-feira (24) a Operação “Falso 9”, que desarticulou um sofisticado esquema de estelionato milionário. O golpe, que envolvia fraudes na portabilidade de salários, tinha como alvos jogadores de futebol de times brasileiros e uma instituição financeira. Entre as vítimas já apuradas estariam nomes conhecidos como Gabriel Barbosa, o Gabigol, atualmente no Cruzeiro, e o zagueiro argentino Walter Kannemann, do Grêmio.
Em Cuiabá, a operação cumpriu duas ordens judiciais – um mandado de prisão e um de busca e apreensão – contra um suspeito de 28 anos, residente no bairro São Sebastião. No local, foram apreendidos aparelhos celulares, máquinas de cartão de crédito e uma considerável quantia em dinheiro, que, segundo as primeiras estimativas, pode ultrapassar os R$ 400 mil.
A Operação “Falso 9” é resultado de uma investigação que teve início em janeiro deste ano, quando o setor de prevenção a fraudes de uma instituição financeira identificou irregularidades em operações de portabilidade salarial de atletas. Ao todo, foram expedidos 33 mandados judiciais, sendo 22 de busca e apreensão domiciliar, nove de prisão preventiva e dois de prisão temporária. As ações se estenderam por diversas cidades, incluindo Almirante Tamandaré (PR), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Lábrea (AM) e Porto Velho (RO), contando com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Modus operandi e vítimas do golpe
O esquema criminoso funcionava da seguinte forma: os golpistas abriam contas bancárias utilizando documentos falsos e dados de jogadores de futebol. Em seguida, solicitavam a portabilidade do salário do verdadeiro atleta para a conta fraudulenta. Assim que os valores eram creditados, o dinheiro era rapidamente transferido para outras instituições financeiras, utilizado na compra de produtos e serviços, ou sacado em caixas eletrônicos, dificultando o rastreamento e a recuperação dos valores desviados.
O montante total do golpe ultrapassa R$ 1 milhão, dos quais R$ 135 mil já foram recuperados e bloqueados preventivamente. A instituição financeira lesada agiu rapidamente para corrigir a vulnerabilidade e ressarcir as vítimas, que, na maioria dos casos, não tinham conhecimento da fraude. As investigações revelaram que, entre os beneficiários do esquema, há pessoas jurídicas com sede em Cuiabá e Porto Velho, além de indivíduos, que juntos receberam mais de R$ 287 mil.
A apuração da TV Globo indica que, além de Gabigol e Kannemann, outros atletas da Série A do Campeonato Brasileiro também foram vítimas desse complexo esquema. As investigações continuam para identificar e responsabilizar todos os envolvidos.