Início GERAL “Corte na carne” dos Professores: Abilio propõe retirada de adicional de férias 

“Corte na carne” dos Professores: Abilio propõe retirada de adicional de férias 



Por Brisa Sanches | Portal Mato Grosso
Em uma medida que promete acirrar ainda mais a relação com os profissionais da educação, o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), defendeu nesta segunda-feira (14.07) um polêmico projeto de lei. A proposta visa retirar um terço do adicional de férias referente a 15 dias do recesso de julho dos professores da rede municipal, alegando um impacto financeiro de R$ 9 milhões nos cofres públicos.
Apresentando-se na Câmara Municipal, Abilio admitiu que a iniciativa trará “desgastes à sua imagem”, mas insistiu na necessidade da redução de gastos. O prefeito transferiu a responsabilidade pelo benefício à gestão anterior, de Emanuel Pinheiro (MDB), afirmando que o adicional foi aprovado em 2016 mas nunca pago, gerando um passivo de cerca de R$ 30 milhões. Brunini pressiona os vereadores para que o projeto seja aprovado até a próxima quinta-feira (17), sob a justificativa de que, caso contrário, o valor será acrescido de mais R$ 9 milhões referentes a este ano.

A fala do prefeito, que em determinado momento declarou: “Eu não vou ganhar um centavo a mais. Não há benefício. Eu vou ganhar é rejeição. Eles [os professores] nunca receberam e vão achar que foi eu que tirei o recurso”, revela uma preocupação com a impopularidade, mas ignora a fundo o sentimento de uma categoria que se vê, mais uma vez, como alvo de ajustes financeiros. Para os professores, a questão não é apenas sobre não ter recebido um benefício no passado, mas sim a formalização da supressão de um direito que deveria ter sido concedido e agora é legalmente contestado.
Os profissionais da educação de Cuiabá, veem essa medida como um ataque direto à sua valorização. O adicional de férias, para além de um custo orçamentário, representa um reconhecimento justo pela sobrecarga de trabalho e pela importância crucial de seu ofício. Condicionar o pagamento de um direito já instituído à “melhora das contas” é um sinal preocupante para a estabilidade e o moral de uma classe que já atua em condições muitas vezes desafiadoras.
A “proposta” do prefeito inclui o parcelamento do passivo de R$ 30 milhões em quatro anos e a promessa de reestabelecer o benefício futuramente, quando a situação financeira da prefeitura permitir. No entanto, promessas futuras em meio a cortes presentes geram desconfiança e insegurança para os quase 9 mil servidores da educação afetados.
Ainda na Câmara, Abilio chegou a ameaçar um “corte na própria carne” em áreas como reformas de escolas e manutenção predial caso o projeto não seja aprovado, sugerindo que a responsabilidade pela falta de recursos recairia sobre a educação. A retórica levanta questionamentos sobre a gestão das prioridades orçamentárias: por que o sacrifício financeiro deve começar pelos professores, que são a base da sociedade, ao invés de buscar outras fontes de otimização ou reavaliar o planejamento financeiro da administração?
A decisão de Abilio Brunini, protocolada em 6 de junho, joga sobre a Câmara Municipal a pressão de chancelar uma medida impopular. Enquanto o prefeito busca equilibrar o caixa municipal, a forma como a medida afeta os docentes cria um cenário de insatisfação e demonstra uma preocupante falta de reconhecimento para aqueles que, dia após dia, constroem o futuro da capital mato-grossense.



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