Início GERAL Sorriso sai do ranking das 10 cidades mais violentas do país

Sorriso sai do ranking das 10 cidades mais violentas do país



Um alto índice de resolução de crimes. Esse é o cenário que tira Sorriso do ranking das 20 cidades mais violentas do país, segundo o Anuário de Segurança, divulgado ontem, 24 de julho, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
 
Para o prefeito interino, Acácio Ambrosini, por traz dos números que trazem Sorriso como 13.º lugar na lista e com uma taxa de 59,7% de óbitos violentos para cada 100 mil habitantes, há a presença ostensiva das forças de segurança nas ruas. “Esses dados refletem um alto número de elucidação de casos e gente com coragem de denunciar, de buscar as forças de segurança porque sabe que será acolhida, ouvida e que terá resposta das solicitações apresentadas”, frisa o gestor.
 
“Este é um dado extremamente importante que indica a eficiência do sistema de justiça criminal e da segurança pública sorrisense”, ressalta. “Estamos diariamente atuando em conjunto com o Estado para que possamos sair de estatísticas negativas e tornar Sorriso cada dia mais segura”, detalha.
 
Os dados do Anuário refletem situações ocorridas em 2024. Nesse período o Município viveu episódios registrados como “guerra de facções”, situação também vivenciada em 2023. Os dados ficam visíveis pelo próprio levantamento divulgado pelo Observatório de Segurança, da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp-MT), que apontou que em 2023 cera de 90% dos casos de homicídios ocorridos na cidade envolveram pessoas ligadas à organizações criminosas.

 
Especificamente em 2023 foram registradas 81 mortes por homicídio; 73 dessas vítimas tinham passagens criminais registradas. Ainda, segundo o Observatório, desses 73 homicídios, 58 foram de confrontos entre faccionados. Já as outras 15 mortes resultaram de confronto de suspeitos contra a polícia.
 
“Esse mesmo quadro, de guerra entre facções, observamos no decorrer de 2024; já em 2025 vivemos uma nova situação”, avalia o comandante do 12.° Batalhão da Polícia Militar (PM) e secretário-executivo do Grupo de Gestão Integrada (GGI) de Sorriso, tenente-coronel Jorge Almeida. O comandante detalha que nos seis primeiros meses de 2024 foram registrados 42 homicídios, já os seis primeiros meses de 2025 somaram dez registros, uma queda – bem-vinda – de 76,19% em relação ao ano anterior.
 
“É natural que no Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano a cidade ainda apareça com um número alto, pois os registros contabilizados referem-se à 2024; agora, em 2025, já estamos vivendo outra realidade”, ressalta.
 
Os números do próprio Anuário demonstram que a cidade apresentou queda em relação à crimes violentos: em 2024, Sorriso figurava no 4.º lugar na lista das cidades mais violentas. Em 2023 constava na 6.ª posição e, agora em 2025, figura como 13.º. “Nesse caso especifico a queda na lista é muito bem-vinda e projetamos que no próximo ano o Município já esteja fora dessa lista”, reforça Almeida.
 
Cuidado com mulheres, crianças e idosos
 
Em 2022 o Município criou a Rede Unificada de Proteção às Mulheres, Idosos, Crianças e Adolescentes. Com uma sala especial e uma equipe especializada na escuta e proteção a crianças, adolescentes, mulher e idosos em situação de violência, o espaço atende na sede da Polícia Judiciária Civil. Hoje, a delegada Laísa Crisóstomo de Paula Leal, é a responsável local pelo atendimento do Núcleo da Mulher.
 
No âmbito da Rede está o trabalho unificado de triagem, com escutas especializadas, e encaminhamento das vítimas aos órgãos competentes para acolhimento, atendimento e acompanhamento.
 
Vale lembrar que em novembro de 2023 um crime hediondo abalou a comunidade: a chacina de Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos e das filhas Miliane Calvi Cardoso, de 19 anos, Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos. “Foi um crime que abalou a cidade; a partir disso foram criados novos canais para que mulheres vítimas de quaisquer tipos de violência pudessem procurar apoio, proteção, denunciar e buscar justiça”, avalia gestora adjunta da Secretaria da Mulher e da Família, Ana Paula Carvalho.
 
Ana Paula reforça a importância de buscar ajuda. “Sabemos que muitos crimes contra mulheres, crianças e idosos ocorrem de maneira silenciosa, dentro de casa e a vítima tem medo de procurar apoio, mas é preciso ficar claro que há uma Rede, pessoas especializadas e aptas a agir com prontidão”, defende.
 
A gestora pontua que muitas mulheres que procuram a delegacia após sofrer agressões acabam desistindo de seguir com a denúncia e retornam para o agressor. Isso acontece porque, fragilizadas emocionalmente, elas acreditam que ele vai mudar. “No entanto, sabemos que, sem a devida intervenção, a violência tende a se repetir e até se agravar. Por isso, o apoio psicológico é fundamental e estamos prontos para auxiliar”, acrescenta.
 
Para o delegado Bruno França os números refletem as ações desenvolvidas de forma coletiva. “Hoje as vítimas sabem onde e como denunciar, elas tem coragem de procurar apoio, e, concomitante a isso as forças de segurança estão unidas para elucidar esses crimes, é um trabalho coletivo e com várias frentes de apoio”, diz.  
 
Um dos braços da Rede que dá continuidade ao trabalho inicial pós-denúncias, é a ação da Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar. A Patrulha Maria da Penha realiza o atendimento das vítimas de violência doméstica com medidas protetivas. Assim que recebe o relatório do pedido de medida protetiva com as informações da vítima é feito o agendamento da visita, uma equipe da Patrulha Maria da Penha faz a visita para verificar se a vítima aceita receber periodicamente a visita. Caso a vítima aceite, periodicamente ela irá receber o atendimento para saber se as medidas impostas estão sendo cumpridas pelo agressor. As vistas da Patrulha são agendadas e possuem dia e horário específico para ocorrer.
 
“De um modo geral, a gente sabe que a segurança pública é compromisso do Estado, mas precisamos agir e andar junto com o Estado para que possamos elucidar crimes e ofertar segurança ao nosso cidadão”, avalia o secretário-adjunto de Segurança, Trânsito e Defesa Civil, Gilvano de Ávila.
 
Segundo Ávila, a soma dos esforços humanos aliados à infraestrutura ofertada e a tecnologia que vem sendo empregada, tem sido fundamentais na elucidação e na redução geral de crimes violentos. “Hoje 100% das 345 câmeras instaladas pelo programa Vigia Mais MT estão em pleno funcionamento e são monitoradas pelo Centro de Controle Operacional (CCO) instalado na sede da Semsep”, diz.
 
No total, são mais de 550 câmeras somadas as do Vigia Mais, as adquiridas pela própria Prefeitura e aquelas cujas empresas cedem as imagens. E assim que tiver início a segunda etapa do Vigia Mais, devem ser instaladas mais 297 câmeras e, fora isso, ainda serão instaladas câmeras com reconhecimento facial em pontos estratégicos como empresas, bares, restaurantes e lanchonetes.
 
Com a segunda etapa do Vigia Mais também devem ser instaladas 45 câmeras de segurança nas comunidades, fechando o cerco externo do Município. Cada um dos 45 locais terá de duas a quatro câmeras por ponto. “Nesses locais doamos as câmeras para as comunidades, eles serão responsáveis pela manutenção e nós vamos monitorar”, diz. “Fechando o cerco externo daremos mais agilidade na solução de homicídios, furtos, fugas e quaisquer outras situações negativas”, afirma Ávila.
 
“Todas as ações visam ampliar e reforçar a segurança de quem escolhe diariamente viver aqui; nós agradecemos o apoio do Estado, o trabalho árduo e contínuo das forças de segurança e queremos deixar claro à nossa população que vamos intensificar as ações, a meta de Sorriso é não figurar mais, de modo algum, em anuários de violência”, finaliza o prefeito interino, Acácio Ambrosini.



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