Início GERAL Base de Lula tem impasses no Nordeste para 2026

Base de Lula tem impasses no Nordeste para 2026



A base do presidente Lula (PT) tem tensões faltando um ano para o início das convenções partidárias que vão definir as candidaturas para as eleições de 2026 nos estados do Nordeste.

Me preocupo porque, dos pré-candidatos a governador, só eu faço uma defesa de Lula. Os demais ou são bolsonaristas ou são enrustidos e não se declaram, ficam em cima do muro

 
Na maioria dos estados da região, que é reduto eleitoral do presidente, os apoiadores dele têm divergências sobre nomes e estratégias para as disputas de governos estaduais ou do Senado.
 
Em 2022, a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro no Nordeste garantiu ao petista uma vantagem de 12,5 milhões de votos. Em termos percentuais, o atual presidente obteve 69,3% ante 30,6% do então candidato do PL.
 
Na Paraíba, o PT quer afastar o risco do presidente não ter um candidato a governador competitivo que apoie a sua reeleição.

 
Como o governador João Azevêdo (PSB) tende a sair do cargo para disputar o Senado, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), sobrinho do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) e filho da senadora Daniella Ribeiro (PP), deve assumir o governo em abril e tende a ser candidato à reeleição.
 
Porém, no âmbito nacional, o PP deve apoiar uma candidatura de oposição a Lula. Interlocutores do atual vice-governador afirmam que o PP paraibano apoiou Lula em outras eleições e que o partido não teria receio em repetir a aliança no próximo ano. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), também é cotado para a disputa.
 
Em meio a esse cenário, o presidente da Assembleia da Paraíba, Adriano Galdino (Republicanos), diz que quer ser candidato a governador apoiando Lula. Ele não descarta múltiplas candidaturas na base.
 
“Me preocupo porque, dos pré-candidatos a governador, só eu faço uma defesa de Lula. Os demais ou são bolsonaristas ou são enrustidos e não se declaram, ficam em cima do muro”, diz Galdino, que é aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
 
Petistas, porém, não gostaram de crítica pública que o deputado fez ao veto de Lula ao aumento do número de deputados federais, anunciado neste mês.
 
Outro estado que pode ter racha é o Rio Grande do Norte, onde a governadora Fátima Bezerra (PT) quer voltar a ser senadora. O problema para a base de Lula é que pesquisas de intenção de voto indicam o senador Capitão Styvenson (PSDB) na liderança e uma disputa pela segunda vaga entre Fátima e a senadora Zenaide Maia (PSD), vice-líder do governo Lula no Senado.
 
Zenaide foi eleita em 2018 na mesma coligação de Fátima. As duas, porém, têm se distanciado desde o ano passado, quando o PT lançou candidatura própria em São Gonçalo do Amarante contra o marido da senadora, o atual prefeito Jaime Calado (PSD).
 
Aliados de Zenaide acreditam que a segunda vaga está em disputa entre ela e Fátima e que, com isso, não haveria sentido uma aliança. A senadora cogita se aliar ao prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), pré-candidato a governador, que não deverá apoiar Lula.
 
Em 2022, a divisão na base do PT no estado facilitou a vitória do senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN), atual líder da oposição.
 
No Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) externou a aliados que ficará no cargo até o fim do mandato. Com isso, o vice Felipe Camarão (PT) não poderá ser candidato ao governo com a máquina na mão.
 
Por acordo feito ainda em 2022, Brandão, respaldado pelo agora ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, sairia para o Senado no ano que vem e apoiaria o vice na disputa pelo governo. No entanto Brandão e Dino se afastaram e o atual governador maranhense tem costurado o nome de seu sobrinho e secretário estadual Orleans Brandão (MDB) para substitui-lo no cargo.
 
“Sabe quem é o maior prejudicado com isso? É o Lula. Porque se o nosso time se divide aqui, como o Brandão está rachando o nosso time aqui, o maior prejudicado vai ser o Lula, porque a tendência é a votação dele cair aqui no Maranhão se a gente sair separado”, afirmou Camarão ao Painel.
 
Em Pernambuco, o PT deve apoiar a candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Como o prefeito preside o PSB nacional, colocará Pernambuco como prioridade do partido em contrapartida ao apoio da legenda à reeleição de Lula.
 
Mesmo assim, há alas do partido que apoiam dois palanques para Lula, se houver disposição da governadora Raquel Lyra (PSD) em apoiar o presidente. A prioridade do partido em Pernambuco é reeleger o senador Humberto Costa (PT), segundo o presidente eleito do PT de Pernambuco, deputado federal Carlos Veras, independente da posição em relação à disputa para o governo.
 
“Reafirmamos Humberto como único nome do PT de Pernambuco candidato ao Senado”, diz Veras.
 
Na Bahia, há possibilidade de o PT rifar o senador Ângelo Coronel (PSD) e lançar uma chapa puro-sangue com os ex-governadores petistas Rui Costa e Jaques Wagner –atual senador– como candidatos ao Senado na coligação encabeçada pelo governador Jerônimo Rodrigues, candidato à reeleição. O PT avalia contemplar o PSD com a vaga de vice como compensação. Oficialmente, o PSD resiste e mantém a pré-candidatura de Coronel à reeleição.
 
No Ceará, o entorno do ministro Camilo Santana (PT) trabalha para manter a unidade do grupo político. Isso porque, com cinco pré-candidatos ao Senado, ao menos três serão descartados. O temor é que eventuais cisões prejudiquem as campanhas à reeleição de Lula e do governador Elmano de Freitas.
 
Querem disputar o Senado os deputados federais José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB) e Júnior Mano (PSB), o empresário Chiquinho Feitosa (Republicanos) e o ex-vice-governador Domingos Filho (PSD).
 
Em Sergipe, o governo Lula quer atrair o apoio do governador Fábio Mitidieri (PSD), mas o gestor tem veto a uma eventual presença do senador Rogério Carvalho (PT) na sua chapa. A disputa acirrada pelo governo sergipano em 2022, protagonizada pelos dois, deixou sequelas. O chefe do Executivo sergipano é próximo do ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo (PT).
 
Em dois estados, as tensões estão praticamente aplacadas. No Piauí, o PT comunicou ao MDB que o partido não terá a vaga de vice na chapa do governador Rafael Fonteles em 2026, mas os emedebistas serão contemplados na chapa com o candidato à reeleição no Senado Marcelo Castro (MDB). O outro candidato a senador será o deputado federal Júlio César (PSD).
 
Em Alagoas, Lula agradou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) ao fechar um acordo com o prefeito de Maceió, JHC (PL), para que ele saia do partido de Bolsonaro e não seja candidato a senador, sem atrapalhar os planos do deputado. Mesmo assim, a tendência é que Lira não faça campanha para o presidente, mas contribua para a governabilidade de Lula no Congresso.
 
JHC deve se filiar ao PSB com aval do prefeito do Recife, João Campos. Para a outra vaga do Senado, o favorito é o senador Renan Calheiros (MDB), que estará em palanque diferente do de Lira e apoiará Lula, com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), como candidato a governador.
 
Impasses para Lula no Nordeste
 
Maranhão
 
Governador Carlos Brandão (PSB) quer apoiar seu sobrinho Orleans para a sucessão, rifando vice Felipe Camarão (PT).
 
 
Ceará
 
Cinco nomes são cotados para disputar o Senado e há temor de que insatisfações de quem for preterido contaminem campanha de Lula no estado.
 
 
Rio Grande do Norte
 
Aliadas em 2018, governadora Fátima Bezerra (PT) e senadora Zenaide Maia (PSD-RN) podem romper e disputar entre si vagas do Senado.
 
 
Paraíba
 
Presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos) quer disputar governo apoiando Lula, mas o PP deve ter candidatura própria.
 
 
Pernambuco
 
PT trabalha que eventuais apoios de Raquel Lyra e João Campos a Lula não atrapalhem reeleição do senador Humberto Costa.
 
 
Sergipe
 
Governador Fábio Mitidieri (PSD) pode apoiar reeleição de Lula, mas tem veto ao senador Rogério Carvalho (PT) na sua chapa.
 
 
Bahia
 
Há possibilidade de chapa puro-sangue do PT com Rui Costa e Jaques Wagner como candidatos ao Senado, mas PSD resiste.
 



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