Crédito, Eva Marie Uzcategui/Bloomberg via Getty ImagesLegenda da foto, Trump e Bolsonaro em 2020, durante jantar em Mar-a-Lago, na FlóridaHá 14 minutosO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, votou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (14/8), em conversa com jornalistas na Casa Branca, em Washington.”É realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro”, criticou Trump sobre o processo em que Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente está hoje em prisão domiciliar, após descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.O presidente americano ainda chamou Bolsonaro de “honesto” e criticou a Justiça brasileira ao dizer que “há algumas leis muito ruins acontecendo”.Trump fez o comentário ao ser questionado sobre as tarifas aplicadas a países da América Latina – e como isso pode levar a uma maior aproximação da região com a China.O presidente americano respondeu dizendo não estar preocupado e voltou a atacar o Brasil:”O Brasil tem sido um péssimo parceiro comercial em termos de tarifas — como você sabe, eles nos cobram tarifas enormes, muito, muito maiores do que as que cobramos, e, basicamente, nem estávamos cobrando nada”, disse.Trump prosseguiu: “O Brasil tem nos tratado muito mal há muitos anos. Um dos piores países do mundo nesse aspecto. (…) Então, agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona”.Quando anunciou as tarifas de 50% contra o Brasil em carta endereçada ao presidente Lula, Trump justificou a medida com argumentos de cunho político — citando o tratamento dado pelo Judiciário a Bolsonaro e a empresas de tecnologia dos EUA. Esse tipo de justificativa não apareceu nas cartas divulgadas para outros países.Nesta quinta, o presidente Lula fez novas críticas ao tarifaço, dizendo que “não vai ficar chorando”. “Se os EUA não quiserem comprar, não vou ficar chorando, rastejando, vou procurar outros países e vamos seguir em frente. Eu aprendi a andar de cabeça erguida. Quero que este país seja respeitado. Se eu respeito o povo americano, ele tem que respeitar o povo brasileiro”, disse, segundo o jornal Folha de S.Paulo, durante evento em Pernambuco.Além das tarifas, o governo dos EUA avançou sobre o Judiciário brasileiro ao revogar vistos de ministros do STF e aplicar a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. As sanções têm sido alvo de uma campanha intensa do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente que se mudou para os EUA para fazer pressão contra o julgamento do pai. “A nossa liberdade vale mais do que a economia”, respondeu Eduardo Bolsonaro quando perguntado que recado daria aos brasileiros impactados pelas tarifas americanasAs tarifas dos EUA entraram em vigor no último dia 6 de agosto.O Brasil tem aparecido com frequência em declarações de Trump, seja ao comentar as tarifas, o julgamento de Bolsonaro ou ainda criticar políticas e cidades do país.Mas os números mostram que a capital brasileira é mais segura que cidades americanas, incluindo Washington.O texto afirma que o Brasil tinha um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”, em referência à participação de médicos cubanos no programa entre 2013 e 2018.O texto diz que aliados de Moraes “estão avisados para não apoiar nem facilitar” as ações do ministro, ressaltando que o governo americano “monitora a situação de perto”.Diante da repercussão, o Itamaraty convocou, já na sexta-feira (8/8), o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para uma reunião na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.Na sequência, novas mensagens do governo americano voltaram a fazer críticas a Moraes e ao Brasil, levando a respostas do governo Lula.Apoio a BolsonaroAinda em julho, no dia 17, Trump publicou carta fazendo críticas duras ao sistema de Justiça brasileiro.A carta foi divulgada antes de Bolsonaro ser alvo de medidas cautelares e ser preso na sequência. Na carta endereçada a Bolsonaro, Trump dizia: “Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo.Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária.É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto.”Bolsonaro é réu em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a tentativa de golpe de Estado, além de outros crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.Segundo a Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada destinada a desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições democráticas.
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