Início GERAL Castanheira apreendida em Nova Bandeirantes lota dois caminhões

Castanheira apreendida em Nova Bandeirantes lota dois caminhões



Em uma operação conjunta realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF), quatro trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma fazenda localizada em Nova Bandeirantes (980 km de Cuiabá).
As vítimas não tinham acesso a água potável, sendo obrigadas a consumir água da chuva que escorria pelo pasto, contaminada por terra, fezes de animais e outros resíduos. Além disso, análises indicaram a presença de metais pesados provenientes de antigas atividades de mineração na região. A água era armazenada em recipientes reutilizados de produtos químicos, agravando o risco à saúde.
Durante a fiscalização, foram identificadas diversas irregularidades trabalhistas, incluindo a ausência de registro formal dos empregados, não pagamento de férias e 13º salário, e jornadas de trabalho excessivas. Um dos trabalhadores resgatados sequer possuía Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), evidenciando a vulnerabilidade a que estavam submetidos.
Após a intervenção, o proprietário da fazenda firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT e a DPU, comprometendo-se a cumprir uma série de obrigações sob pena de multas em caso de descumprimento. Entre as medidas acordadas, destaca-se o pagamento de R$ 36 mil em indenizações por danos morais individuais e R$ 20 mil por danos morais coletivos, valor destinado ao Comitê Multi-institucional de Alta Floresta.
Além disso, foram quitadas as verbas salariais e rescisórias devidas aos trabalhadores. A Auditoria-Fiscal do Trabalho também emitiu guias de Seguro-Desemprego Especial do Trabalhador Resgatado, garantindo a cada vítima o direito a três parcelas de um salário mínimo.
Este caso reflete um problema persistente no Brasil. Em 2024, o país registrou um recorde histórico de 3.959 denúncias de trabalho análogo à escravidão, um aumento de 15% em relação a 2023.
As ações de fiscalização resultaram no resgate de mais de 2 mil trabalhadores em condições degradantes. Minas Gerais liderou com 500 resgatados, seguido por São Paulo (467), Bahia (198), Goiás (155) e Pernambuco (137). Esses cinco estados concentraram 77,9% dos casos registrados no país.
Para combater essa realidade, o governo federal realizou 1.035 ações fiscais específicas de combate ao trabalho análogo à escravidão em 2024. Desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, há 30 anos, mais de 65 mil pessoas foram resgatadas dessas condições no Brasil.
De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, quatro elementos podem caracterizar o trabalho escravo:

Condições degradantes de trabalho: quando a violação de direitos fundamentais fere a dignidade do(a) trabalhador(a) e coloca em risco sua vida. Costuma ser um conjunto de elementos irregulares, como alojamentos precários, péssima alimentação e falta de saneamento básico;
Jornada exaustiva: quando o(a) trabalhador(a) é submetido a esforço excessivo, sobrecarga ou jornadas extremamente longas e intensas que acarretam danos à sua saúde e segurança;
Trabalho forçado: quando a pessoa é mantida no serviço por intermédio de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas;
Servidão por dívida: quando o(a) trabalhador(a) fica preso(a) ao serviço por causa de um débito ilegal (em geral, referente a gastos com transporte, alimentação, aluguel e equipamentos de trabalho, cobrados de forma abusiva).

DenúnciasPara registrar uma denúncia sobre trabalho análogo ao de escravo, estão disponíveis os seguintes canais:1) Ministério Público do Trabalho: acesse www.mpt.mp.br. As denúncias podem ser sigilosas ou anônimas;2) Disque 100;3) Subsecretaria de Inspeção do Trabalho: Sistema Ipê.



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