Valdinei da Silva Santana foi condenado nesta terça-feira (09.09) pelo Tribunal do Júri da Comarca de Jaciara (a 144 km de Cuiabá) a uma pena severa de mais de 61 anos de reclusão. Os crimes que levaram à condenação foram o feminicídio de sua companheira, Gleiciane de Souza, e o homicídio de Vanderson Alves Fichio, marcados por extrema crueldade e vilipêndio aos cadáveres.
O Conselho de Sentença reconheceu que os assassinatos foram praticados por motivo torpe, utilizando meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. Além das duas mortes, Valdinei foi responsabilizado por vilipêndio e destruição de cadáver, incêndio, dano qualificado e posse ilegal de arma de fogo, incluindo um revólver com numeração adulterada.
A pena total imposta a Valdinei da Silva Santana foi fixada em 61 anos, 11 meses e 15 dias de reclusão, somados a um ano, oito meses e 19 dias de detenção, além do pagamento de 94 dias-multa. O cumprimento da pena será em regime fechado. A sentença também determinou o pagamento de R$ 100 mil por danos morais aos filhos de Gleiciane, e R$ 63,2 mil por danos materiais, além de R$ 50 mil por danos morais aos pais de Vanderson.
Os crimes hediondos ocorreram em setembro de 2024, no Distrito de Celma, em Jaciara. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso, Valdinei, movido por um sentimento de posse, matou Gleiciane com disparos de arma de fogo. A vítima tentava fugir após ter sido agredida fisicamente e submetida a tortura psicológica, tudo na presença dos filhos menores do casal, que presenciaram parte da barbárie.
Após o feminicídio, o condenado dirigiu-se à residência de Vanderson e o executou com um tiro à queima-roupa, enquanto a vítima assistia televisão. A sequência de atos brutais não parou por aí: Valdinei arrastou os corpos para o mesmo local, despiu as vítimas, agrediu os cadáveres e efetuou novos disparos. Em um ato de completa desumanidade, ateou fogo nos corpos e em dois veículos, utilizando líquido inflamável.
Durante o julgamento em plenário, a promotora de Justiça Cynthia Quaglio Gregorio Antunes atuou na acusação e, em um gesto de sensibilidade, prestou homenagem às mães das vítimas, que estavam presentes na sessão, buscando um encerramento justo para a tragédia que abalou suas vidas.
Em um desfecho macabro, após os crimes, Valdinei publicou vídeos em uma rede social, pedindo perdão à família e aos filhos pela brutalidade de seus atos. “Cara, nunca imaginei passar por isso, o tanto que nós conversamos, tantos planos que a gente tinha com nossos filhos, e vem uma pessoa para atrapalhar a vida da gente. Só peço perdão a todos vocês, aos familiares também, me perdoem do fundo do meu coração”, disse em um dos vídeos. Em outra gravação, ele se dirigiu diretamente aos filhos: “Bom dia, meus filhos, passando aqui para pedir perdão a todos vocês pelo o que o pai fez. Eu amava tanto a sua mãe, vocês não imaginam. Tanta raiva, o pai acabou fazendo essa cagada e se arrepende tanto. Infelizmente deixei tomar pela raiva, pelo ódio e acabei fazendo isso. Eu espero que um dia vocês me perdoem e Deus também. Eu peço perdão para todos os familiares que eu causei essa dor, me desculpe todos”, acrescentou, em uma tentativa tardia e vazia de remorso.