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Guerra de facções escala em Cáceres com atos de audácia e aterroriza população



Por João Arruda | Cáceres
A disputa sangrenta entre facções criminosas atinge níveis alarmantes em Cáceres (a 210 km de Cuiabá), com um histórico de violência que já contabiliza 40 mortes, 43 tentativas de homicídio e 30 lesões graves. A audácia dos grupos, que buscam demarcar território com pichações, chocou a comunidade com um ato simbólico: a pichação de um muro anexo à Base Comunitária da Polícia Militar.
O incidente mais recente de demarcação ocorreu no populoso Bairro do Junco, onde um terreno vizinho à Base Comunitária da PM foi pichado com as inscrições “CV MT – Tropa do Pânico” e “Tropa do Coroa”. O local não é um mero ponto qualquer; a base foi instalada em 1999, por iniciativa do ex-governador Dante de Oliveira, do ex-prefeito Aloísio Barros e do então comandante da PM em Cáceres, Coronel Celmo Fernandes de Souza, com o objetivo de oferecer atividades esportivas e disciplinares a adolescentes locais. A escolha desse ponto para a pichação é vista como uma clara provocação às forças de segurança.
A escalada da violência tem gerado consequências sociais preocupantes. O Bairro do Junco e suas adjacências, por exemplo, registram um número assustador de ocorrências policiais. Além disso, a presença ostensiva das facções e a sensação de insegurança têm provocado a evasão escolar, principalmente nas escolas públicas do município. Recentemente, a cidade foi palco da circulação de uma lista nas redes sociais contendo fotos, nomes e apelidos de dezenas de adolescentes supostamente “decretados”, ou seja, jurados de morte pelos grupos criminosos.
Um caso recente que ilustra a brutalidade desses confrontos é o sequestro e execução do autônomo Gerson Benedito Alves de Lara, de 35 anos. Dois adolescentes envolvidos em tentativas de assassinato no bairro Cohab Nova foram presos pela Polícia Militar e, ao confessarem os crimes, revelaram também o envolvimento na morte de Lara, cujo corpo foi desovado na Rodovia Federal BR-174, na Comunidade do Facão, a 12 quilômetros da área urbana. A Polícia Civil já investigava o caso, pois havia informações de que Gerson Lara havia se envolvido em uma briga na Praça Barão do Rio Branco, onde teria desferido golpes de faca em um faccionado do PCC.
Diante do cenário de terror imposto pelas facções na “Princesinha do Paraguai”, as autoridades policiais reforçam o apelo por colaboração da população. A Polícia Civil solicita que qualquer informação sobre as ramificações dessas quadrilhas seja denunciada para auxiliar no combate a esses grupos e na restauração da segurança na cidade.



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