Início GERAL Prefeitura interdita canil clandestino e resgata mais de 70 cães

Prefeitura interdita canil clandestino e resgata mais de 70 cães



Uma operação conjunta das autoridades de Cuiabá resultou na interdição de um canil clandestino na Avenida Prainha, bairro Porto, onde foram encontrados mais de 70 cães de raça e um criadouro irregular de hamsters vivendo em condições deploráveis. O local, que funcionava sob uma fachada de comércio hortifrutigranjeiro, levantou sérias acusações de maus-tratos e crime ambiental.
A ação foi desencadeada após diversas denúncias recebidas pela Diretoria de Bem-Estar Animal (BEA) e pela Secretaria de Ordem Pública (SORP) da Prefeitura de Cuiabá. A operação contou com a participação da Delegacia Especializada de Meio Ambiente (DEMA), da Vigilância Sanitária e da Polícia Civil, revelando um cenário de horror.
Cenas chocantes e maus-tratos extremos
A médica veterinária da BEA, Morgana Thereza Ens, descreveu a situação como uma das mais impactantes de sua década de experiência profissional. “Nunca vi nada igual: insalubre, sujo, animais mortos, animais se alimentando de outros cadáveres, fezes espalhadas, comida velha. Foi uma cena muito difícil de presenciar”, relatou Ens, chocada com as condições.
Os animais, incluindo raças como Shih Tzu, Spitz Alemão e Pinscher, estavam confinados em espaços pequenos, sem ventilação adequada ou manejo sanitário. Muitos apresentavam sinais visíveis de doença e debilidade física. Além dos cães, um viveiro irregular de hamsters também foi descoberto, com roedores vivendo em condições igualmente insalubres.
Resgate, atendimento e futuro dos animais
Imediatamente após a interdição, a BEA iniciou a triagem e o atendimento emergencial dos animais em uma clínica conveniada. Devido ao grande volume de resgatados, parte deles será encaminhada ao canil municipal até que estejam aptos para adoção responsável. “Nosso papel agora é identificar, avaliar clinicamente e buscar lares responsáveis. Alguns vão para o canil até que consigamos dar o destino correto, porque o quantitativo de cães é muito alto”, explicou Morgana Ens.
O espaço permanecerá interditado enquanto as investigações prosseguem, e os responsáveis foram multados pelas inúmeras infrações.
Irregularidades legais e crime ambiental
A secretária municipal de Ordem Pública, delegada Juliana Palhares, destacou as graves irregularidades encontradas. O canil operava sem alvará sanitário, registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária e em total desacordo com as normas de saúde e bem-estar animal. O alvará de funcionamento existente registrava a atividade como “Comércio Varejista Hortifrutigranjeiro”, com um endereço falso, na tentativa de mascarar a operação ilegal.
A Vigilância Sanitária apreendeu medicamentos e vacinas vencidas, além de produtos sem nota fiscal. O laudo sanitário apontou acúmulo de lixo, risco de leishmaniose e proliferação de vetores como o da leptospirose. “Flagramos uma situação absurda, sem condições mínimas de funcionamento. Além dos cães, encontramos ratos mortos, um rato devorando o cadáver de outro e um viveiro de hamsters totalmente irregular. É um caso grave de maus-tratos”, reiterou a delegada Palhares.
Os responsáveis pelo canil, entre eles M. F., mãe do proprietário que não compareceu, foram conduzidos à DEMA para depoimento e encaminhamentos legais. Eles poderão responder criminalmente por maus-tratos e comercialização irregular de animais. Um representante da DEMA, Luiz Carlos, afirmou: “Se constatado o maus-tratos, como está sendo constatado, poderão ser presos”.
A operação contou ainda com o apoio da Limpurb, que iniciou a limpeza do local. A delegada Juliana Palhares fez um apelo à população para que verifique a procedência dos animais antes da compra, alertando que a aquisição em canis clandestinos fomenta esse tipo de exploração e crueldade. “Confie na Prefeitura e nos órgãos de segurança para garantir um comércio legal e saudável”, finalizou.



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