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Ex-PM é condenado a 37 anos de prisão por feminicídio e estupro de advogada em Cuiabá



Por Cleiton Túlio
O Tribunal do Júri de Cuiabá proferiu uma sentença contundente nesta quinta-feira (25.09), condenando o ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis a 37 anos de reclusão em regime fechado. A decisão judicial encerra o caso brutal que chocou o estado em agosto de 2023, envolvendo o estupro e feminicídio da advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos.
Além das acusações de estupro e feminicídio, o réu também foi responsabilizado pelo crime de fraude processual. No entanto, Almir foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver, um dos pontos da denúncia inicial.
A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, responsável pela 1ª Vara Criminal e presidente do julgamento, determinou que o ex-PM permaneça preso, sem direito a recorrer da decisão em liberdade.
Julgamento a Portas Fechadas e Provas Apresentadas
A sessão do júri não foi aberta ao público nem à imprensa, uma medida adotada em resposta a um pedido da assistente de acusação. A solicitação visava preservar a intimidade da vítima, considerando a natureza do crime sexual envolvido e o fato de o processo tramitar em segredo de justiça.
Durante o rito processual, o Tribunal de Justiça informou que sete testemunhas foram arroladas, embora três tenham sido dispensadas. Foram ouvidos o delegado que conduziu as investigações, uma perita criminal e duas testemunhas. Almir Monteiro dos Reis foi o último a prestar depoimento antes do início dos debates.
A Promotoria de Justiça utilizou integralmente o tempo concedido, 1h30, para apresentar seus argumentos incisivos. A defesa também teve 1h30 para sua explanação, seguida pela tréplica do Ministério Público.
Insanidade mental afastada pelo STJ
Um dos pontos cruciais antes do julgamento final foi a tentativa da Defensoria Pública de solicitar a absolvição sumária do réu, alegando que o ex-PM sofria de doença mental e deveria ser considerado inimputável. Contudo, em junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso. O ministro Otávio de Almeida Toledo classificou os argumentos da defesa como “genéricos”, afastando a possibilidade de análise do pedido de insanidade mental.
A tragédia de agosto de 2023
O assassinato de Cristiane Castrillon ocorreu na madrugada de 13 de agosto de 2023, em sua própria residência. As investigações da Polícia Civil revelaram que a motivação do crime foi a recusa da advogada em manter relações sexuais com Almir.
Segundo a acusação, o ex-policial espancou e, posteriormente, asfixiou Cristiane até a morte. Os dois haviam se conhecido em um bar de Cuiabá na noite anterior ao crime.
O corpo da vítima permaneceu na casa por aproximadamente seis horas. Por volta das 8h30, Almir deixou o local dirigindo o carro de Cristiane, com o corpo dela dentro, abandonando o veículo no Parque das Águas. Em seguida, ele solicitou um carro por aplicativo para retornar à sua residência e, pouco depois, teria convocado sua namorada em uma tentativa de construir um álibi.
A descoberta do corpo foi feita pelo irmão da vítima, que conseguiu rastrear a localização do celular de Cristiane. Ao encontrar o veículo, Cristiane estava com óculos escuros e deitada no banco do passageiro. Sem compreender a gravidade da situação, o irmão a levou ao Complexo Hospitalar de Cuiabá (CHC), onde o óbito foi oficialmente constatado.
A condenação de Almir Monteiro dos Reis representa um marco na busca por justiça para Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni e um importante posicionamento contra a violência de gênero.



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