O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, fez um apelo contundente pela reavaliação da legislação brasileira, defendendo que as facções criminosas sejam classificadas e combatidas sob a lei de terrorismo. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Jornal Gente, da Rádio Band FM e Band News TV, nesta segunda-feira (3).
Mendes argumentou que a atuação dessas organizações ultrapassa os limites do crime comum e se enquadra na definição de atos terroristas. “Essas facções criminosas matam, arrancam cabeças, abrem corpos, exibem metralhadoras e ostentam poder. Isso é ou não é terrorismo? Se isso não for terrorista, então não sei o que é”, afirmou o governador, ressaltando o pânico e a violência disseminados por esses grupos.
Para o chefe do executivo mato-grossense, é uma “anomalia” que a legislação atual não enquadre tais grupos como terroristas, dada a magnitude do terror que impõem à população.
Críticas à “hipocrisia” e legislação fragilizada
O governador também criticou o que chamou de “hipocrisia” de setores da sociedade, da classe política e de ONGs, que, segundo ele, demonstram comoção seletiva diante de operações policiais mais repressivas, mas permanecem indiferentes aos mais de 40 mil assassinatos anuais no Brasil, dos quais 70% a 80% são diretamente ligados às facções.
“Todo dia essas facções matam 100 brasileiros, e ninguém vai depor, ninguém faz alarde. Mas quando a polícia reage, vira escândalo”, pontuou Mendes, exigindo um debate mais objetivo e menos ideológico sobre a segurança pública.
Mendes defendeu que o Congresso Nacional aproveite a discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança para criar instrumentos legais verdadeiramente eficientes, e não apenas formalidades. “Nosso Código Penal é de 1940. O mundo mudou, o crime evoluiu, mas nossas leis continuam frágeis. Quando quiseram, fizeram a reforma tributária. Por que não fazem o mesmo com a segurança, que é um clamor nacional?”, questionou.
Estratégias contra crimes estruturantes e infiltração política
O governador sugeriu medidas “inteligentes” para atacar o que ele denominou “crimes estruturantes das facções”, com destaque para o tráfico de drogas e, em especial, a receptação de produtos roubados. “Se tem gente roubando celular, é porque tem quem compre. Vamos endurecer contra o receptador. Sem quem compre, o roubo perde sentido”, explicou.
Um alerta grave feito por Mauro Mendes diz respeito à crescente infiltração das facções criminosas na política, utilizando dinheiro do crime para eleger parlamentares. “Isso aconteceu na Itália, nos EUA e está acontecendo aqui no Brasil. Eles estão se organizando por baixo e, se não reagirmos, o problema será muito maior”, advertiu.
Investimentos em Segurança Pública em Mato Grosso
O governador aproveitou para destacar os robustos investimentos feitos na Segurança Pública de Mato Grosso, que hoje conta com uma das polícias mais bem equipadas, com tecnologia de ponta e estrutura moderna no país.
“Criamos o programa Tolerância Zero e um canal de denúncia de extorsão, que é a atividade que mais financia essas facções. Também investimos forte no sistema prisional, porque não pode haver ‘quartel-general’ do crime dentro das cadeias. O cidadão de bem está pagando a conta enquanto bandido não respeita mais a polícia nem a lei. Precisamos resgatar o medo da punição no Brasil”, concluiu Mauro Mendes, enfatizando a necessidade de uma resposta firme e eficaz do Estado contra o crime organizado.
		
		




