Friederich Merz se torna novo chanceler da Alemanha após superar derrota histórica; o que acontece agora



Crédito, ReutersLegenda da foto, Friedrich Merz precisava de 316 votos no Bundestag de 630 assentos, mas só conseguiu 310Article informationAuthor, Paul Kirby e Jessica ParkerRole, BBC News6 maio 2025, 08:01 -03Atualizado Há 30 minutosNa primeira votação, também realizada nesta terça-feira (06/05), o líder conservador ficou inesperadamente aquém dos números necessários para formar uma maioria no parlamento.Merz precisava de 316 votos no Bundestag de um total de 630 assentos, mas só conseguiu 310, em um golpe significativo para o líder do partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU), dois meses e meio após a legenda vencer as eleições da Alemanha.Como a votação foi secreta, não se sabe quem deixou de apoiá-lo — se deputados da sua própria bancada conservadora ou do partido aliado de centro-esquerda.Sua coalizão com a centro-esquerda tem assentos suficientes no Parlamento para formar um governo, mas aparentemente 18 deputados que se esperava que o apoiassem não concordaram. O fracasso de Merz na primeira votação foi visto como algo sem precedentes na história moderna da Alemanha.Após horas de incerteza, os partidos e a presidência do Parlamento concordaram em realizar uma segunda votação, na qual Merz obteve 325 votos — 9 além dos 316 necessários.Segundo a Constituição da Alemanha, não há limite para o número de votações que podem ser realizadas, mas, em última instância, se não for alcançada uma maioria absoluta, um candidato pode ser eleito com maioria simples.Nenhum candidato a chanceler havia perdido uma votação no Bundestag desde a restauração da democracia em 1949, e o clima no Parlamento, após o resultado, foi de confusão.Aos 69 anos, Merz será agora empossado pelo presidente Frank-Walter Steinmeier, e sua equipe de 17 ministros assumirá os cargos.A presidente do Bundestag, Julia Klöckner, havia cogitado remarcar a nova votação para quarta-feira, mas o secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, afirmou que era essencial seguir em frente:”A Europa precisa de uma Alemanha forte. Por isso, não podemos esperar dias”, disse Klöckner à TV alemã.O líder da bancada parlamentar, Jens Spahn, também fez um apelo ao senso de responsabilidade dos colegas: “Toda a Europa, talvez o mundo inteiro, está observando essa votação”.Analistas políticos classificaram a derrota inicial como uma humilhação, provavelmente causada por alguns membros insatisfeitos do Partido Social-Democrata (SPD), que assinou o acordo de coalizão com os conservadores na segunda-feira (5/5).A presidente do Parlamento informou que, na primeira votação, nove deputados estavam ausentes, três se abstiveram e uma cédula foi considerada inválida.Nem todos no SPD estavam satisfeitos com o acordo de coalizão, mas líderes da legenda asseguraram o compromisso do partido.”Foi uma votação secreta, então ninguém sabe”, disse à BBC o deputado Ralf Stegner, do SPD. “Mas posso dizer que não tenho a menor impressão de que nossa bancada não estivesse ciente da responsabilidade que temos.”Crédito, Getty ImagesLegenda da foto, A ex-chanceler alemã Angela Merkel participa de sessão especial do Bundestag em Berlim, AlemanhaA copresidente da sigla, Alice Weidel, escreveu na rede X que o resultado evidenciava “a base fraca sobre a qual foi construída a pequena coalizão entre conservadores e SPD, rejeitada pelos eleitores”.O deputado Johann Wadephul, aliado conservador e escolhido por Merz para o cargo de ministro das Relações Exteriores, disse à BBC que a derrota inicial foi “um obstáculo, mas não uma catástrofe”.A transição de governo na Alemanha é cuidadosamente coreografada. Na véspera da votação, o então chanceler Olaf Scholz foi homenageado com a tradicional cerimônia militar do Großer Zapfenstreich, realizada por uma orquestra das Forças Armadas.Era amplamente esperado que Merz vencesse a primeira rodada da votação, realizando seu antigo desejo de se tornar chanceler.Correspondentes políticos no Parlamento disseram que o resultado inesperado revelou que, mesmo que a coalizão assuma, há sinais de possíveis tensões internas.O deputado da AfD Bernd Baumann criticou o acordo entre CDU e SPD: “A CDU prometeu uma série de políticas semelhantes às nossas, como limitar a migração, e depois se aliou ao centro-esquerda. Isso não funciona. Isso não é democracia”, disse.”Isso não é bom”, alertou a política verde Katrin Göring-Eckardt. “Mesmo que eu não queira esse chanceler ou o apoie, só posso advertir contra quem comemora o caos.”Menos de 24 horas antes, o discurso era outro: uma Alemanha sob um governo estável, encerrando seis meses de paralisia política.”É nosso dever histórico fazer este governo dar certo”, afirmou Merz ao assinar o acordo de coalizão.Apesar da maioria estreita de 12 cadeiras, o acordo entre conservadores e social-democratas foi visto como mais estável que a chamada “coalizão semáforo” de três partidos, que ruiu em novembro passado por divergências sobre gastos públicos.O SPD, que era o maior partido da antiga coalizão, teve seu pior resultado eleitoral desde a Segunda Guerra, ficando em terceiro lugar. Merz prometeu recolocar a Alemanha no centro das decisões globais e reanimar a economia enfraquecida.Após dois anos de recessão, a maior economia da Europa cresceu nos primeiros três meses de 2025. Mas economistas alertam para riscos às exportações alemãs, devido a tarifas impostas pelos Estados Unidos.O setor de serviços do país encolheu no mês passado, impactado pela demanda mais fraca e pela redução no consumo das famílias.



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