Em um novo depoimento à DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Cuiabá, o ex-policial militar Heron Teixeira Pena Viera, da Rotam, confessou ter planejado o assassinato do advogado Renato Nery. Além de apontar o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva como o executor do crime, Heron também revelou que o casal de empresários Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, de Primavera do Leste, foram os mandantes do homicídio.
Alex Roberto e Heron Vieira foram presos durante a Operação Office Crime – O Elo, realizada nos dias 6 e 7 de março. A confissão de Heron, somada a outros elementos da investigação, resultou na prisão de Julinere e César nesta sexta-feira (9).
A motivação do crime, segundo a Polícia Civil, foi uma disputa por terras avaliadas em mais de R$ 30 milhões no município de Novo São Joaquim.
Provas periciais e testemunha-chave
As investigações da DHPP contaram com uma testemunha-chave que confirmou que Alex Roberto foi o autor dos disparos que mataram Renato Nery.
A perícia no celular de Alex Roberto encontrou um vídeo em que ele se filmava dentro do Batalhão da Rotam, dias após o homicídio do advogado. Em seus depoimentos, Alex Roberto negou que frequentava o local.
Outras descobertas na perícia incluem mensagens trocadas entre Alex Roberto e um homem com histórico criminal por tráfico de drogas e homicídio, nas quais o caseiro informava que “estaria indo em uma missão com a Rotam”. A perícia também identificou que Alex Roberto utilizava uma motocicleta vermelha sem placas, a mesma usada no dia do crime, e que ele chegou a ir com ela até o batalhão militar.
O celular, um Apple Iphone, teria sido um presente de Heron Vieira para Alex Roberto, dado no dia 11 de julho, data em que houve um confronto forjado para “plantar” a arma usada no assassinato de Renato Nery.
Confronto forjado
De acordo com a Polícia, participaram desse confronto os PMs da Rotam Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins, que foram indiciados por homicídio, tentativa de homicídio e fraude processual.
A DHPP abriu um Inquérito Complementar para apurar a possível participação de Heron Vieira e do PM da Inteligência da Rotam, Ícaro Nathan Santos Ferreira, nesse confronto forjado. Ícaro Nathan está preso desde 17 de abril, acusado de entregar a pistola Glock G17 usada para matar Renato Nery.
Relembre o caso
Renato Nery foi morto a tiros na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. Ele chegou a ser socorrido e passou por cirurgias, mas não resistiu.