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Construção da Orla de Cáceres impulsiona saída de embarcações e levanta debate climático



Por João Arruda | Cáceres
A Baía de Cáceres (a 210 km de Cuiabá), um dos cartões-postais da “Princesinha do Paraguai”, vive uma transformação significativa com a construção da sua nova Orla. A obra, que visa revitalizar a área urbana do município, tem provocado mudanças profundas na paisagem local, forçando a desocupação de grande parte do ancoradouro tradicional e gerando discussões sobre o impacto ambiental e os desafios impostos pelas cheias anuais do Rio Paraguai.
Em plena execução, a construção resultou na saída de 97% das embarcações que historicamente povoavam a Baía, incluindo chalanas-hotéis, iates de luxo e até o requintado restaurante Kaskata Flutuante, que deixou seu antigo local atracado. A única exceção notável são as lanchas patrulhas da Marinha do Brasil e o Navio Escola Piquiri, que, por questões de segurança, suspenderam âncoras e migraram da margem esquerda para a direita, sob os olhos atentos da Agência Fluvial de Cáceres.
Embora a maioria tenha acatado a determinação, três outras embarcações ingressaram com requerimentos junto à prefeitura local, buscando autorização para permanecer no mesmo ponto. Uma decisão definitiva sobre esses pedidos ainda não foi emitida pela gestão municipal.
Ambientalistas celebran “oxigenação” da Baía
Se por um lado há essa minúscula resistência, por outro, os ambientalistas de Cáceres celebram a “oxigenação” da Baía. Para eles, a remoção das lanchas e outras estruturas náuticas restaura a beleza cênica do local, cujo visual era frequentemente ofuscado. A Baía de Cáceres é um ponto de confluência entre casarios bicentenários de um lado e um extenso tapete verde que emoldura a ilha que desemboca no Rio Paraguai, próximo ao lendário Porto do Dito Gato e à sinuosa Curva do Rio, local de grande afluxo de moradores e turistas.
Obra milionária e temor das cheias
A obra de revitalização da Orla está orçada em R$ 8,3 milhões e tem previsão de entrega para setembro de 2026, às vésperas dos 248 anos de fundação da então Vila Maria do Paraguai, nome original do município. Contudo, apesar do ritmo acelerado dos serviços, uma parte considerável da população local, especialmente os nativos, expressa preocupação com a transição da estação primavera para o verão.
O receio é que o regime de cheias do Rio Paraguai, que nesta época salta de 0,80 centímetros de lâmina d’água para mais de 4 metros, possa comprometer a estrutura do aterro que está sendo firmada dentro do projeto. Essa previsão é quase um consenso entre os moradores, que veem com apreensão a possibilidade de que, em menos de 60 dias (até meados de dezembro), a área aterrada esteja submersa, salvo uma “reviravolta improvável da natureza”.
Prefeita de Cáceres, Eliene Liberato Dias
Alheia a essas projeções e ciente dos desafios, a prefeita Eliene Dias (PSB) mantém-se otimista. Ela aposta que a obra, tão aguardada pela população, seguirá seu percurso normal até sua entrega na próxima estação da primavera de 2026, transformando a Baía de Cáceres em um novo marco para o município.



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