Crédito, ReutersLegenda da foto, ‘Tarifaço’ trouxe para Lula a oportunidade de exaltar o nacionalismo, sentimento que estava sob domínio da direita brasileira, aponta cientista políticoArticle InformationAuthor, Mariana AlvimMariana AlvimRole, Da BBC News Brasil em São PauloHá 39 minutosO ano de 2025 vinha trazendo sucessivas pesquisas de opinião amargas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu governo, com altos percentuais de avaliação negativa que deixaram seu partido e aliados em alerta para as pretensões de reeleição em 2026.Até que julho trouxe boas novas para a gestão petista: em algumas sondagens, sinais de melhoria na popularidade e nas chances de vitória de Lula — que, apesar da rejeição nos últimos meses, já era um dos favoritos para o pleito do ano que vem.Trump deixou claro que a medida era uma retaliação ao processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) contra seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por suposta tentativa de golpe. A taxação veio após intensa campanha por sanções contra o Brasil liderada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente mora nos EUA.Lula reagiu duramente ao tarifaço de Trump. Acusou o presidente americano de querer interferir na Justiça brasileira e reafirmou a independência do STF e a autonomia do Brasil. Muitos viram na crise um ganho de imagem para Lula, que enfatizou a defesa da soberania e o nacionalismo frente à ofensiva do governo americano. Diante disso, a relação entre o “tarifaço” e a melhora do governo Lula nas pesquisas seriam uma coincidência de datas ou uma sequência de causa e efeito?Analistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que há, sim, indícios de que Lula realmente saiu ganhando politicamente — até agora. Daqui pra frente, o petista terá que enfrentar discursos de adversários e críticos de que não estaria se esforçando o suficiente para conquistar uma relação mais harmônica com o governo Trump, além de lidar com os possíveis impactos econômicos da taxação americana e com uma nova escalada de conflitos no Congresso diante da reação de bolsonaristas à prisão domiciliar do ex-presidente.Então, até onde deve ir esse fôlego político que Lula aparentemente ganhou?O que dizem pesquisas sobre imagem de LulaUma pesquisa recente AtlasIntel/Bloomberg mostrou o governo Lula, pela primeira vez no ano, com aprovação (50,2%) maior que desaprovação (49,7%). A sondagem foi realizada entre 25 e 28 de julho e tem margem de erro de 1 ponto percentual.Em simulações para a eleição presidencial de 2026, o levantamento indica também o presidente abrindo vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e Jair Bolsonaro.Já uma pesquisa da Genial/Quaest realizada entre 10 e 14 de julho apontou que a maioria da população desaprova o governo Lula, mas indica uma melhora: a aprovação subiu três pontos percentuais, para 43%, enquanto a reprovação caiu de 57% para 53%, em comparação com a pesquisa de maio.E, na última pesquisa Datafolha, realizada em 29 e 30 de julho, a reprovação ao governo Lula se manteve em 40%, o mesmo percentual do início de junho. Mas o presidente abriu vantagem nas simulações para as eleições de 2026 sobre possíveis concorrentes — algumas dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais.Para Luciana Chong, diretora do Datafolha, as próximas pesquisas serão capazes de medir melhor o impacto do tarifaço no dia a dia dos brasileiros — que, na maioria, acreditam que isso trará prejuízos generalizados, como mostra o levantamento do próprio instituto. Ela aponta que outro efeito a ser observado no futuro próximo é o da prisão domiciliar do ex-presidente.”Bolsonaro mantém sua força em uma parte importante do eleitorado. 45% acreditam que o ex-presidente está sendo perseguido e injustiçado, por exemplo. O governo ainda não conseguiu ganhar a confiança desse eleitorado”, diz Chong. Para Yuri Sanches, diretor de análise política da AtlasIntel, a postura do governo frente à taxação pode, sim, explicar a melhora em alguns indicadores constatados na pesquisa do instituto.”A primeira reação [do governo ao tarifaço] é colocar aquilo como uma ameaça à soberania e defendendo os interesses nacionais. Sem uma resposta muito dura, muito agressiva ou antiamericana. O governo saiu na frente porque respondeu de uma forma produtiva, que foi bem recebida pela população”, analisa Sanches.Entretanto, o analista prefere falar em uma “junção de fatores” para explicar a melhora. Ele destaca também uma “comunicação mais assertiva do governo” e a percepção da população de que a inflação melhorou nos últimos meses. “Nos nossos dados, a gente vê uma correlação direta entre a inflação e o nível de aprovação do presidente”, aponta Sanches.O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação do país, teve desaceleração mensal de março a junho. Já no acumulado em 12 meses, manteve-se relativamente estável desde março, mas fora da meta anual.A pesquisa AtlasIntel indica que, no mesmo período, a percepção da população sobre a inflação experimentada nos seis meses anteriores melhorou. Em julho, houve uma leve piora nesse índice de percepção (caindo de 6,2 para 6,1), o que Yuri Sanches atribui ao tarifaço e às incertezas que este traz sobre a economia. Crédito, ReutersLegenda da foto, Protesto em frente ao consulado dos EUA em São Paulo contra tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileirosSergio Simoni Junior, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), também considera “plausível” que a reação do governo Lula ao tarifaço tenha contribuído para uma melhora de sua popularidade — embora destaque que seriam necessárias mais pesquisas para confirmar isso.Mas há algumas pistas que reforçariam essa leitura. “Diferentes questionários estão captando que as pessoas estão concordando com a resposta retórica do Lula, de que o Brasil não deve ceder de antemão”, aponta Simoni Junior.Um desses levantamentos, da Quaest, mostrou em meados de julho que 53% dos brasileiros acreditavam que Lula estaria “certo” se reagisse com reciprocidade às tarifas de Trump, contra 39% que avaliaram que o presidente estaria “errado”. Até o momento, o governo brasileiro não reagiu ao tarifaço na mesma medida, embora tenha regulamentado uma lei que permita isso. Em entrevista à agência Reuters publicada nesta quarta-feira, Lula disse que não irá taxar os produtos americanos porque não quer ter o mesmo comportamento de Trump: “Quero mostrar que quando um não quer, dois não brigam.”Já Trump, para 72% da população brasileira, está “errado” em impor taxas justificando que haveria uma perseguição a Bolsonaro — 19% disseram que ele está “certo”.Guerra de versões sobre o tarifaçoEm entrevistas e discursos, Lula refutou fortemente o argumento de Trump de que Bolsonaro seria vítima de uma “caça às bruxas”.Em um pronunciamento à nação em 17 de julho, o presidente classificou a postura do governo americano como uma “chantagem inaceitável”, mas garantiu que o governo brasileiro estava se esforçando nas negociações.O petista também chamou de “traidores da pátria” os políticos brasileiros que apoiaram o tarifaço.Para analistas ouvidos pela BBC News Brasil, é inegável que o governo Lula tenha largado na frente, em contraposição aos filhos de Bolsonaro e seus aliados. “O bolsonarismo, no primeiro momento, estava chamando para si a autoria do tarifaço do Trump. Depois, bateram cabeça em relação a quem culpar, se o culpado era o Lula, o [Alexandre de] Moraes. Levou um tempo pra eles articularem o discurso”, aponta Yuri Sanches, acrescentando também que governadores alinhados a Bolsonaro se atrapalharam em suas posições, como Tarcísio, Ronaldo Caiado (União Brasil, Goiás) e Romeu Zema (Novo, Minas Gerais).No mesmo dia em que Trump anunciou as tarifas de 50%, Tarcísio atacou o presidente brasileiro e disse que “outros países buscaram a negociação”: “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. (…) Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa”.Crédito, Getty ImagesLegenda da foto, Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas inicialmente atacou o governo Lula ao reagir às tarifas de 50%Mas, durante o evento Expert XP 2025, no fim de julho, Tarcísio pareceu mais uma vez alfinetar Lula, sugerindo que o governo brasileiro estaria rompendo com a unidade nacional necessária neste momento.”A pior agressão à soberania é a divisão interna. A divisão interna é o que enfraquece o país. Então, se a gente não botar a bola no chão, não agir como adulto e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil.”Caiado (União Brasil) também criticou em diversas ocasiões o que seria uma falta de comprometimento do governo Lula com a resolução do problema. E Zema, em artigo no jornal Folha de S. Paulo no dia 31 de julho, defendeu que o Brasil saia do grupo Brics — argumentando que participação do país em um “bloco ideológico recheado de ditaduras” teria motivado “boa parte” do tarifaço. Trump é um crítico do grupo fundado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul e que hoje agrega países não democráticos como Irã e Emirados Árabes Unidos. Para Lula, a crise trouxe uma oportunidade “inesperada”, destacou Sergio Simoni Junior: o nacionalismo, que vinha sendo um valor dominado pela direita e pelo bolsonarismo passou a ser evocado pelo presidente, seu governo e o PT.”Quando você consegue roubar um pouco o discurso do adversário, penetra naquilo que o adversário tem vantagem, isso é muito bom pra você”, aponta o professor da USP. “A bandeira nacional é levantada, e mesmo opositores do partido, do político que está no governo, se unem porque interesses maiores estão em jogo.”A aparente vantagem de Lula na crise foi endossada por vozes de prestígio no exterior. Ao longo do ano, o Financial Times cobriu diversos desafios enfrentados pelo governo Lula, como a inflação dos alimentos, problemas de popularidade e a pressão do mercado pelo ajuste fiscal. Enquanto isso, no Brasil, alguns cobraram de Lula um esforço para cumprir com suas responsabilidades de chefe de Estado e buscar um contato mais próximo com Trump.Em uma coluna de opinião no jornal Folha de S. Paulo em 28 de julho, por exemplo, o economista Joel Pinheiro da Fonseca criticou o presidente brasileiro por não buscar contato com Trump nos últimos meses, sugerindo que o petista deveria “engolir seu orgulho, mudar definitivamente o tom e buscar Trump”, ligando para o americano.Para Yuri Sanches, há um risco para Lula se ele eventualmente adotar um discurso mais antiamericano, buscando se aproximar de sua base.”É preciso calibrar para que não haja no discurso uma percepção de antiamericanismo, porque isso soaria mal para a população. A população brasileira tende a preferir uma diplomacia próxima aos Estados Unidos”, afirma o analista.A BBC News Brasil enviou pedido de posicionamento sobre pontos levantados na matéria à Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal, mas não obteve uma resposta até a publicação desta reportagem. Se isso acontecer, o texto será atualizado.Abalos na economia — e na popularidade?Os brasileiros estão preocupados com os efeitos do tarifaço na economia e no próprio bolso, segundo pesquisa Datafolha feita pouco antes de o governo Trump anunciar algumas exceções na cobrança.De acordo com o Datafolha, 89% dos brasileiros acreditam que o tarifaço vai prejudicar a economia do país e 77% veem um impacto negativo em sua vida pessoal.O economista Cicero Zanetti de Lima, pesquisador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), afirma que, mesmo com as isenções, o impacto do tarifaço será grande, já que afetará mais de 50% do valor das exportações — incluindo produtos não isentos até o momento, como carne, frutas e café.Entretanto, não necessariamente isso será sentido com força no dia a dia da população, diz Lima: “Nós brasileiros, que vamos no mercado todo dia e compramos as nossas coisas, não vamos sentir tanto a questão do tarifaço. São os setores que trabalham com esse tipo de exportação [que sofrerão mais]”.Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) divulgado nesta terça (5/8) estimou que o tarifaço, mesmo com as isenções, pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em 0,22% no período de um a dois anos, além de levar ao corte de 146 mil postos de trabalhos formais e informais.No período de cinco a dez anos, o cálculo foi de uma queda de 0,94% do PIB e de 618 mil trabalhos perdidos.Lima é cético quanto à possibilidade de queda na inflação no Brasil por conta do tarifaço — um cenário levantado por alguns especialistas e pelo próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em entrevista à CNN em 29 de julho.Nessa hipótese, produtos que deixariam de ser exportados para os EUA inundariam o mercado interno, baixando os preços. Mas Lima destaca que uma das limitações ao consumo interno é a renda da população:”Se o mercado doméstico já consegue atender à demanda interna e esta não tem renda suficiente para comprar excedentes de carne, de frutas, não vou colocar o meu produto no mercado. Prefiro ficar ocioso do que fazer o preço cair”, explica o pesquisador.”A gente sabe que, no final do dia, todos nós — seja o lado da produção quanto da demanda — somos movidos por forças de mercado. Nossa produção atende à demanda doméstica. Não está faltando carne. O que falta é a renda da população.”Em uma análise enviada à imprensa no dia 31 de julho, Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, afirmou que o efeito do tarifaço no Brasil será “significativo” e trará “impactos diretos em indicadores macroeconômicos” — mesmo com as isenções.Para o economista, o aumento da oferta de alguns produtos no mercado interno inicialmente poderá levar à queda nos preços, mas “pontual”.”O IPCA poderá registrar uma desaceleração momentânea, impulsionada pela maior oferta interna de produtos como carnes e pescados [que não escaparam das isenções]”, disse Simioni.”No entanto, a médio e longo prazo, a redução da produção e a busca por novos mercados podem levar a uma normalização ou até mesmo a um aumento de preços.”O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ao decidir em 30 de julho manter em 15% a taxa de juros Selic, citou a expectativa de inflação de 5,1% para 2025 e 4,4% para 2026. “Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”, disse comunicado do Copom.O comitê avaliou que a economia brasileira tem apresentado moderação no crescimento, mas mercado de trabalho dinâmico. Entretanto, segundo o Copom, “o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”.Ou seja, ainda há várias incógnitas sobre o impacto na economia brasileira das tarifas — e, se forem negativas e relevantes, isso afetará Lula politicamente?Para Sergio Simoni Junior, a piora em aspectos econômicos sempre pode afetar negativamente a popularidade do governo. Crédito, EPALegenda da foto, Problemas econômicos são sempre um risco para um presidente, destacam entrevistadosEste seria um risco para o governo Lula, que no entanto mantém uma vantagem: a influência direta da família Bolsonaro sobre o tarifaço, aponta o cientista político. “Mesmo que ocorra esse impacto negativo, pode ser crível aos olhos de pelo menos uma parcela considerável do eleitorado que esse dano econômico se deve ao bolsonarismo”, avalia Simoni Junior.Para Yuri Sanches, a cobrança por eventuais problemas econômicos pode recair mais sobre governadores ligados ao bolsonarismo. Um exemplo dessa situação é o governador de São Paulo. “Tarcísio acaba dando ao governo federal e a Lula um material de campanha robusto. Tem ele com o boné MAGA [Make America Great Again, ou “Torne a América Grande Novamente”, em inglês, slogan de Trump], tem as primeiras declarações dele quando o Trump anuncia o tarifaço… Depois, ele recalcula a rota, porque realmente vê que pegou mal com o setor produtivo do Estado dele. É uma corda-bamba, ele está com o pé em duas canoas”, avalia Sanches.O governo Lula está preparando um pacote de medidas para auxiliar empresas afetadas pelas tarifas americanas. Alguns governos estaduais também estão elaborando ou já anunciaram seus próprios planos, como o de São Paulo. O governo de Tarcísio anunciou no fim de julho a ampliação da linha de crédito Giro Exportador de R$ 200 milhões para R$ 400 milhões para empresas exportadoras, além da liberação de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS, com prioridade para exportadores.O governo Lula vinha enfrentando também, nos últimos meses, uma relação difícil com o Congresso, onde tem apoio minoritário.Mas, com o tarifaço, veio mais uma oportunidade para o Planalto.Ao menos no discurso, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mostraram-se afinados com a retórica de Lula diante da taxação americana.”A gente sabe que a pauta econômica, especialmente caso o governo tente aumentar impostos para equilibrar contas, não vai ser bem recebida pelo Congresso.”Sergio Simoni Junior vê uma pequena e recente melhora na relação do Planalto com o Congresso, mas atribui isso menos ao tarifaço e mais a outros fatores, como o destravamento de emendas parlamentares e a campanha de comunicação do governo que enquadrou como uma disputa entre ricos e pobres pautas econômicas, em especial a taxação dos mais abastados.”Talvez os discursos da tarifa tenham um impacto no Congresso de forma indireta: se você tem a percepção de que o discurso contra as tarifas impactou positivamente a opinião pública, logo o Congresso não vai ficar tão adverso a um presidente que está recuperando a popularidade”, apontou o cientista político, para quem, no entanto, a relação entre Congresso e o Planalto será tensa até o fim desse governo, devido às próprias divisões acirradas na política e na população.A volta do recesso parlamentar já começou com desafios.Crédito, ReutersLegenda da foto, Hugo Motta foi cercado por parlamentares enquanto tentava discursar na abertura de sessão na noite de quarta-feiraProtestos continuaram nesta quarta-feira (6/8), que não teve sessões ao longo do dia e foi preenchida por reuniões entre os presidentes da Câmara e do Senado com líderes dos partidos. À noite, Hugo Motta realizou uma sessão presencial, após ter dificuldade de sentar-se em sua própria cadeira, que havia sido cercada por deputados que ocupavam a Mesa Diretora. O presidente da Câmara discursou, sob gritos ocasionais, pedindo respeito à Mesa, à democracia e ao diálogo pacífico. Já Davi Alcolumbre anunciou a retomada no Senado com sessões semipresenciais para quinta-feira (7/8). Sergio Simoni Junior destaca que a oposição ganhou novo fôlego nesta volta do Congresso, impulsionada pela prisão domiciliar de Bolsonaro e pela polêmica que decisões do STF como essa têm gerado.”Nesse caso da prisão decretada na segunda-feira, teve uma reação um pouco mais negativa [à decisão do STF], mesmo em setores que não são ligados fortemente ao bolsonarismo. Isso logo no começo dos trabalhos do segundo semestre trouxe uma complicação”, avalia o cientista político.Para Yuri Sanches, por enquanto a revolta no Congresso é mais barulhenta do que relevante — algo que pode mudar se “os bolsonaristas forem bem-sucedidos em atrair o Centrão para sua causa”.”Se forem bem-sucedidos, aí eles vão conseguir transformar isso em um fato relevante que vai ditar os rumos do governo nessa reta final do mandato”, diz o analista político.Mas, por enquanto, Sanches vê uma chance para o Planalto se aproximar de Motta e Alcolumbre, apoiando-os nesta crise. O analista lembra que há pautas aguardando a retomada dos trabalhos no Congresso, como a medida provisória (MP) que isenta do Imposto de Renda (IR) pessoas que recebem até dois salários mínimos. A MP expira em 11 de agosto.”Tem pautas prioritárias para o governo e também, do meu ponto de vista, para o Congresso reabilitar a sua própria imagem com a população, mostrando que está interessado em pautas importantes para o país e não em interesses particulares de quem quer que os apoie”, concluiu Yuri Sanches.
FONTE