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Mato Grosso enfrenta aumento de ISTs; especialista alerta para queda na testagem e reforça prevenção



O estado de Mato Grosso registra um preocupante aumento nos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis, hepatite e HIV. A Dra. Kadja Leite, médica infectologista do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), em entrevista ao “Jornal da Nova” da rádio Nova FM 105.3 nesta sexta-feira (5.9), atribuiu esse crescimento, em grande parte, à diminuição na frequência de testagem pela população e à natureza assintomática de muitas dessas doenças.
“Muitas dessas doenças são silenciosas, o que permite que as pessoas permaneçam anos doentes sem buscar diagnóstico ou tratamento, tornando-se, sem saber, fontes de transmissão”, explicou a especialista. Ela observou uma mudança cultural preocupante: “Na década de 90 e nos anos 2000, havia um forte incentivo e muitas campanhas midiáticas para a realização de testes rápidos. Essa campanha maciça diminuiu, e com ela, a cultura de testagem caiu. Consequentemente, há menos diagnósticos e maior transmissão.”
Os números corroboram a preocupação. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) mostram que os diagnósticos de HIV em Mato Grosso subiram de 1.088 em 2022 para 1.155 em 2024. Até agosto de 2025, já foram identificadas 353 novas pessoas com o vírus.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), estágio avançado do HIV, também apresentou alta, passando de 410 casos em 2022 para 509 em 2024. Até junho de 2025, 152 diagnósticos de AIDS já haviam sido registrados. A sífilis, outra IST em ascensão, viu seus registros saltarem de 2.832 em 2022 para 4.205 no ano passado, com 2.620 novos casos até agosto deste ano.
Dra. Kadja Leite enfatizou a importância da prevenção da reinfecção, alertando que mesmo após o tratamento bem-sucedido de ISTs como sífilis, gonorreia e clamídia, o risco de contrair a doença novamente é alto. “As ISTs são altamente transmissíveis. Muitas têm cura, mas também um alto índice de reinfecção. Pacientes que se tratam inadequadamente, por tempo insuficiente, podem se sentir seguros e, ainda assim, continuar transmitindo a infecção”, pontuou.
A infectologista destacou que o comportamento individual, incluindo o uso de preservativos e o número de parceiros, é crucial na prevenção. Além disso, ela ressaltou a importância das vacinas, como as contra HPV (vírus do papiloma humano) e Hepatite B, e as medidas biomédicas modernas.
“Hoje, temos muitos recursos à disposição”, afirmou a médica, mencionando a PrEP (profilaxia pré-exposição), que permite a indivíduos com alto risco de exposição ao HIV (como aqueles com parceiros soropositivos) tomar medicação para evitar a infecção. Outra ferramenta vital é a PEP (profilaxia pós-exposição), indicada para quem teve uma relação de risco e pode tomar o medicamento por 28 dias para prevenir o HIV. A médica reforçou que os testes rápidos regulares e o tratamento adequado das ISTs são pilares fundamentais.
A vacina contra o HPV está disponível gratuitamente em postos de saúde para crianças e adolescentes de 9 a 19 anos. “Excepcionalmente, neste período até dezembro, a vacina está disponível para jovens até 19 anos. Também é indicada para adultos em situações específicas, como pacientes com HIV, imunossuprimidos, vítimas de violência sexual e aqueles em uso de PrEP, podendo ser aplicada até os 45 anos”, concluiu a Dra. Kadja, ampliando o leque de pessoas que podem se beneficiar da imunização.



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