A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou a Operação Ignis Justiça, uma força-tarefa que desmantelou um esquema sofisticado de furto de energia, corrupção, estelionato, fraude processual e corrupção. O esquema envolvia um empresário de Lucas do Rio Verde, empresas ligadas a ele e profissionais com conhecimento técnico e acesso privilegiado, causando prejuízos estimados em milhões.
A ação, conduzida pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Lucas do Rio Verde, resultou no cumprimento de oito mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva contra quatro investigados. Entre os alvos estão um engenheiro eletricista, um ex-funcionário da concessionária de energia (Energisa) e um empresário do agronegócio. Eles são acusados de atuar na manipulação profissional dos sistemas de medição de energia.
Os mandados foram cumpridos em três unidades do grupo empresarial, sendo uma no setor industrial de Lucas do Rio Verde, outra na zona rural, a cerca de 15 km da cidade, e a terceira no município de Sorriso, além das residências dos investigados. Equipes da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e da Energisa acompanharam a operação, realizando perícias simultâneas nos pontos suspeitos para materializar as provas da fraude que ocorria há meses.
Fraude Altamente Profissionalizada
As investigações revelaram que o grupo criminoso estruturou um sistema complexo para burlar o consumo real de energia de empresas com grande movimentação financeira. O engenheiro eletricista era o responsável pela parte técnica das alterações ilegais nos medidores, enquanto o ex-funcionário terceirizado da concessionária de energia utilizava seu acesso privilegiado para facilitar as fraudes. O empresário, por sua vez, era o beneficiário direto do esquema, uma vez que as empresas onde os furtos ocorriam pertenciam a ele.
A delegada responsável pelo caso, Paula Moreira Barbosa, destacou a natureza contínua do crime. “Foi constatado que o crime foi cometido em continuidade delitiva, ou seja, se estendeu por um período prolongado e não em um único ato isolado. Desta forma, o faturamento que deveria retornar à concessionária e à população estava sendo desviado em benefício privado, alimentando o esquema criminoso”, explicou a delegada.
Impacto Milionário e Prejuízos à População
Segundo a delegada Barbosa, o dinheiro desviado, que deveria fortalecer o sistema energético, estava sendo drenado para financiar irregularidades dentro dessas empresas. “Não é um furto simples. Estamos diante de um crime altamente profissionalizado que gera impacto econômico milionário. Agora, com a materialização completa das provas, seguimos para aprofundar a investigação e identificar possíveis ramificações desse esquema”, afirmou.
A delegada também ressaltou a sofisticação do método utilizado. Embora casos de furto de energia em grande escala estejam sendo investigados em diversos municípios mato-grossenses, a Operação Ignis Justiça se destaca pelo nível técnico da operação criminosa, que empregava profissionais qualificados e conhecimento interno para sustentar o esquema.
“É um crime grave, que prejudica a concessionária, a população e gera perdas gigantescas. A Polícia Civil continuará firme no combate a esse tipo de fraude”, finalizou a delegada. As investigações prosseguem para identificar outros possíveis envolvidos e a extensão total dos prejuízos.
