O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini afirmou que seu partido, o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, terá candidato próprio ao Governo de Mato Grosso na eleição 2026, descartando a possibilidade de apoiar o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos).
Wellington Fagundes tem se posicionado na rede social e no Congresso como um aliado da direita
Hoje, o candidato da sigla é o senador Wellington Fagundes (PL). Abilio enfatizou que o PL não quer ter papel de coadjuvante no pleito eleitoral, e que a decisão de ter um nome próprio é uma diretriz de Bolsonaro.
“Wellington Fagundes tem se posicionado na rede social e no Congresso como um aliado da direita. […] Ele tem se posicionado em defesa do Bolsonaro contra essas percepções políticas, ele está mais próximo do Bolsonaro”, disse Abílio.
Na eleição de 2024, o PL elegeu os prefeitos das maiores cidades de Mato Grosso, como Cuiabá (Abilio Brunini), Várzea Grande (Flavia Moretti), Rondonópolis (Cláudio Ferreira) e Sinop (Roberto Dorner).
Para Abilio, a eleição expressiva do partido de Bolsonaro demonstra um alinhamento do eleitor de Mato Grosso com a ideologia da extrema direita.
“Eu tenho plena certeza, que o posicionamento ideológico vai influenciar o processo eleitoral do ano que vem. Nós temos algumas preocupações que estão escancaradas. O Senado, por exemplo, vai ser importantes e isso vai mexer o nosso estado de direita”.
“Eu tenho certeza que Mato Grosso vai eleger dois senadores de direita. Não adianta, uma candidata ao Senado ou um candidato querer se aproximar agora”, completou.
O PL, hoje, apresenta o deputado federal José Medeiros como candidato a senador pela sigla.
Confira entrevista:
MidiaNews – Agora vamos voltar para 2026. Em relação à sua proximidade com o Otaviano Pivetta, o senhor chegou a dar entrevista falando que o convidou pra integrar o PL. O senhor admite apoiar o Pivetta ao Governo?
Abilio Brunini – Não, não é assim. Eu faço parte do PL. A gente tem um grupo que não age como grupo político, nós temos um direcionamento muito mais ideológico sobre o caminho. Por exemplo, eu e a Flávia Moretti (prefeita de Várzea Grande) não ficamos nos reunindo para falar de política ou de eleição, mas a gente sabe que cada um tem que traçar um caminho dentro daquilo que é o melhor por os nossos municípios.
Assim como o Cláudio Ferreira (prefeito de Rondonópolis), a gente sabe que nossas intenções estão no mesmo caminho, que é melhorar o desenvolvimento da cidade, do Estado, respeitar a família, e outras coisas assim no sentido, mas eu não sei o que o Cláudio ou a Flávia estão pensando para a eleição do ano que vem.
Mas o nosso partido sabe o que a gente está pensando para o que vem. E nessa confiança de que o nosso partido sabe, que o nosso líder Bolsonaro sabe, é que a gente vai construir um projeto junto e vai dar tudo certo nessa construção.
Hoje o PL tem um pré-candidato, que é o senador Wellington Fagundes. Ele tem se posicionado na rede social e no Congresso como um aliado da direita. Ele já foi um cara que esteve apoiando partidos da esquerda no passado. E desde a última eleição para o Senado, ele vem se posicionando numa outra vertente ideológica.
Hoje, ele teria todas as facilidades do mundo pra estar na base do governo atual (Luiz Inácio Lula da Silva), mas ele optou por não estar e sofre todas as consequências de ser um senador de oposição.
Hoje o Wellington tem se posicionado em defesa do Bolsonaro contra essas percepções políticas, ele está mais próximo do Bolsonaro… Então, provavelmente, se as coisas continuar como estão, o PL terá como pré-candidato ao governo de Estado de Mato Grosso o Wellington Fagundes. É bem provável que tudo caminhe para isso.
Nós temos um partido político consolidado, consistente e nós temos um projeto de retomada de país. Então, eu não posso chegar, só porque eu sou amigo de um dos candidatos, afiançar meu apoio político num momento como esse.
Por isso que eu até brinquei com o Pivetta: “Se você quer ser candidato com o nosso apoio, você precisa virar o PL, porque nós do PL teremos um candidato”.
E se ele vier, alguém questiona se vai ser ele ou o Wellington Fagundes? Eu penso que um governador em exercício buscando a reeleição do seu mandato, é ele o candidato.
MidiaNews – Nesse cenário hipotético o senhor traria uma briga para dentro do PL.
Abilio Brunini – Mas ele não viria para dentro do meu partido se isso não fosse consolidado. Ele teria que conversar com o PL nacional, conversar com o Wellington Fagundes, e construir um projeto para isso acontecer. Só que do jeito que as coisas estão sendo traçado, daqui a pouco estará muito difícil do caminho ser alinhado.
O que eu percebo? O Mauro é um pré-candidato ao Senado, pelo União Brasil, e há uma probabilidade muito grande que isso se consolide. Só que todos os sinais apontam que o Mauro quer ter um alinhamento com a mensagem do Bolsonaro na eleição do ano que vem.
O PL tem como pré-candidato ao Senado José Medeiros. O palanque do PL é Medeiros, Wellington Fagundes e Bolsonaro. O Mauro vai estar em qual? Com o Jayme Campos? E as coisas vão desenhando para caminhos que vão se dividindo.
MidiaNews – As coisas estão sendo desenhado para que esses dois grupos, que foram aliados em 2022, não caminhem junto em 2026.
Abilio Brunini – Esses dois grupos devem comecem a conversar o mais rápido possível. Não podem comentar o erro de todos serem inflexíveis e cada um para um caminho. E olha: grupo político não resolve a eleição, não faz a menor diferença.
A gente teve uma eleição para prefeito em 2024 onde tinha dois grupos políticos muito bem organizados. E o resultado não foi favorável a nenhum desses dois grupos. A esquerda junto com o Carlos Fávaro, se alinhou muito bem na eleição do Lúdio, por exemplo. E o grupo do governo abriu mão de candidaturas importantes, como a do Fábio Garcia, para focar num candidato que era o presidente da Assembleia Legislativa. E o candidato do governo, Eduardo Botelho, com toda a sua estrutura, não chegou ao segundo turno.
Em Rondonópolis a mesma coisa, e em Várzea Grande a mesma coisa. Quem imaginava a Flávia Moretti ganhando do Kalil Baracat (MDB), que tinha toda a máquina?
MidiaNews – Fazendo prefeitos nas maiores cidades do Estado, o PL ganhou mais poder de barganha para as eleição de 2026?
Abilio Brunini – O sinal que tem que ser analisado não é o PL e poder de barganha. O sinal que tem que ser observado é: nós estamos carregando uma mensagem que a população deseja que aconteça com o futuro do nosso estado. Nós estamos carregando uma ideia de gestão, uma ideia política, uma ideia de trabalho, que a opinião pública do nosso estado, principalmente nos municípios mais populosos, estão mais vocacionados a ela.
Por mais, que a esquerda faça muito barulho na rede social, na prática isso não se consolida. Não é a opinião da população aquilo que se está em uma página da rede social, a opinião da população estava relacionado a ideais.
Eu não fiz uma campanha com dinheiro, que contratou todas as lideranças. Não foi assim! Eu fiz uma campanha eleitoral em que, muitas vezes, eu mesmo editava o meu vídeo.
MidiaNews – Nessa análise que você está fazendo, o Wellington entra com algum tipo de rejeição mais forte do que, por exemplo, o Pivetta e por já ter se aliado à esquerda no passado?
Abilio Brunini – Mas se for olhar assim, o Piveta não era do PDT?
MidiaNews – Sim, ele era um brisalista.
Abilio Brunini – O Wellington sempre foi do PL, que no passado tinha um alinhamento mais próximo da esquerda e era a esquerda era o que estava no poder. O PL era um partido mais ao centro, que hoje ele é um partido mais a direita e geralmente os partidos mais ao centro é base de governo.
E hoje ele é um partido de oposição, um partido de direita, mais consolidado dentro desses ideais. O que a gente percebe é que essas pessoas muitas vezes no passado não sabiam o era esquerda e direita.
Às vezes alguém achava que a esquerda era o PT, a direita era o PSDB. E não sabia que o PSDB era um tipo de pensamento socialista, ou pensamento social diferente, e o PT era outro, era centro-esquerda e uma esquerda, mas não tinha direita naquele caminho.
E o PL, na sua fundação, era um pensamento de direita na ideologia do partido, só não sabia como aplicar o pensamento de direita dentro da política local. Até que algumas pessoas, como a Enéias, começou a vir com um posicionamento mais conservador, o Bolsonaro e outros nomes que vem somando isso.
Hoje, já existe uma formação mais consolidada do que é a direita, do que é o pensamento conservador, via rede social e você consegue distinguir com mais facilidade qual é a opinião que você é favor e qual opinião que você é contra.
Tem gente que até vota em mim e tudo mais, mas às vezes não gosta do meu posicionamento ideológico, não gosta do meu posicionamento político. Mas gosta da minha gestão, só que quando eu lembro que eu sou direita, às vezes não gosta. Não é por causa da minha prática administrativa, mas sim por causa do meu pensamento ideológico.
Na eleição do ano que vem, eu tenho plena certeza, que o posicionamento ideológico vai influenciar o processo eleitoral do ano que vem. Nós temos algumas preocupações que estão escancaradas.
O Senado, por exemplo, vai ser importantes da representação no Senado e isso vai mexer o nosso estado de direita. Eu tenho certeza que Mato Grosso vai eleger dois senadores de direita. Não adianta, uma candidata ao Senado ou um candidato querer se aproximar agora.
Pesquisa não ganha eleição. Em algumas das pesquisas, eu não ia nem para segundo turno. A gente tem muito que aprender com as últimas eleições e eu acredito que as eleições do ano que vem, elas vão surpreender muito a classe política do estado de Mato Grosso.
MidiaNews – E sobre a Samantha? Ela foi cotada para ser vice do Pivetta, para tentar alinhar esse grupo União, PL, Republicanos e reafirmar essa união que teve em 2022 e depois surgiu rumores de que ela pode ser candidata à deputada estadual e até federal. Como é vocês estão tratando isso dentro da família?
Abilio Brunini – Eu respeito muito a opinião da Samantha. Ela tem personalidade forte, não adianta eu pensar que eu vou conseguir direcionar o posicionamento dela, que não vou. Tem gente que fala: “ela que manda”. E sim, é ela que manda mesmo.
No caso da Samantha, ela vai tomar a decisão dela se ela quiser participar do processo político eleitoral, é uma decisão dela. Se ela quiser ser candidata a deputado estadual, é uma decisão dela e eu vou respeitar. E se ela optar por candidata a deputado federal, é uma decisão dela e eu vou respeitar.
Nas conversas que eu tenho tido com ela sobre esse assunto, ela tem se posicionado como pré-candidata a deputado estadual. Ela tem se vocacionado mais a isso, por causa de algumas pautas que ela tem e também para ficar mais próximo da gente.
Não é só questão de ter medo de voar. A gente tem dois filhos, eu sou prefeito da capital. Se ela ficar em Brasília terça, quarta e quinta, imagina a dificuldade que a gente vai ter de ter o cuidado com as nossas crianças.
Se ela for para Brasília com as crianças, ela vai ficar a semana toda em Brasília com as crianças e eu não vou poder sair de Cuiabá terça, quarta e quinta para ir visitá-los ou no final de semana. Não posso fazer isso. E ela também não tem essa disponibilidade de ficar viajando. São coisas que também pesam.
A pré-candidatura de deputado estadual vem com mais naturalidade dentro do projeto político dela. Se ela vai ser vice de um, vice do outro, isso a gente nem tem que cogitado. Não passa nessas discussões da gente.
MidiaNews – Mas seria uma ótima forma de amarrar o PL a esse grupo do Mendes, não?
Abilio Brunini – Você tem que perguntar se o PL quer ser amarrado. O PL não tem a menor intenção de ser amarrado a nada. O PL não está buscando um papel de coadjuvante. O PL está buscando o seu papel de protagonista.
Eu já disse isso para o Pivetta, para o Mauro e para todos: o PL terá candidato ano que vem. Isso é certo. Não há a hipótese onde o PL vai ser coadjuvante ou vice de algum outro projeto político. Apesar de eu não ver nada mal de ser vice de um projeto político, mas é o projeto do PL ter o candidato do ano que vem.
Enquanto alguns partidos ainda têm a indefinição de quem vai ser o candidato, se vai ou não ter, o PL não tem essa indefinição. Em 2024, eu falava: “eu sou o pré-candidato a prefeito”.
Cogitavam que seria vice, várias coisas, por que a gente tinha uma boa relação com o governo do estado e eu falava: Eu sou o pré-candidato a prefeito. Não houve recuo.
MidiaNews – E com Wellington Fagundes, então, não haverá recuo.
Abilio Brunini – Não é com Wellington Fagundes. É o PL. Não haverá recuo do PL, que hoje tem o Wellington Fagundes como candidato a governo. E ele só não será candidato governo se caso ele não quiser, se ele mudar de opinião.
Agora, se o Wellington não mudar de opinião e o Bolsonaro que quer um candidato ao governo do PL, nós teremos um candidato ao governo.
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