O delegado Caio Albuquerque, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, afirmou que além do casal de empresários preso na última sexta-feira (9), suspeitos de encomendar a morte do advogado Renato Nery, outras pessoas podem estar ligadas ao mando em uma “comunhão de vontades”.
Pode ser uma comunhão de vontades, a gente não pode esquecer isso
Os empresários de Primavera do Leste, Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, foram presos temporariamente suspeitos de encomendar o crime. Nery, ex-presidente da OAB-MT, foi atingido por disparos na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.
Julinere e César foram presos após a confissão do policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, acusado de ser o “arquiteto” do crime, que está preso desde o dia 7 de março. Segundo ele, foram pagos R$ 150 mil pelo homicídio.
Conforme Albuquerque, a única linha de investigação sobre a motivação do crime é de que Renato tenha tido a morte encomendada por uma disputa envolvendo uma propriedade rural avaliada em R$ 30 milhões.
“Nesse caso, nós temos uma vítima que tinha uma única problemática. Não temos outras problemáticas envolvendo o advogado Renato Nery”, afirmou o delegado.
Segundo Bruno Abreu, delegado responsável pelo inquérito, o celular do advogado foi examinado e nenhuma outra possível motivação foi encontrada.
“Tem 180 páginas [analise]. Conseguimos fazer uma retrospectiva da vida da pessoa, e ali a gente não conseguiu encontrar nada, nenhum ato que gerasse a possível motivação, a não ser a briga jurídica que ele estava vivendo”, explicou Abreu.
“Comunhão de vontades”
Segundo Albuquerque, até o momento, as investigação levam ao casal como supostos mandantes do crime, o que não descarta o possível envolvimento de outras pessoas no mando.
“Pode ser uma comunhão de vontades, a gente não pode esquecer isso. […] Temos outras pessoas que estão na situação de intermediários, mas também com algum condão ligado ao mando. Então, agora, outras pessoas vão ser descortinadas, vão ser apontadas? É pra isso que a investigação serve”, explicou.
O delegado Bruno Abreu afirmou que esse é um caso muito complexo e que a terra em questão era “desmembrada”
“Essa fazenda inicialmente tinha aproximadamente 12 mil hectares. Renato, em honorários, durante esses anos, ganhou aproximadamente 2,7 mil hectares. Desses 2,7 mil hectares, houve uma divisão dessa terra com uma parte das pessoas investigadas que sofreram busca em 28 de novembro de 2004”, explicou.
Segundo Abreu, a terra disputada pertence não somente ao casal Julinere e César, mas a toda a família Sechi.
“A gente ainda está investigando, porque a briga não era só deles, era deles, de toda a família Sechi. Tinha parte da fazenda que ficou com o Antônio João, então isso tudo é muito complexo”, explicou o delegado, referindo-se ao advogado Antônio João de Carvalho Júnior, que foi alvo de um mandado de busca no dia 28 de novembro do ano passado.
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