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Presidente da Aprofir defende irrigação como solução para o futuro do agro em MT



O presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Hugo Garcia, participou nesta sexta-feira (12.09) do Congresso Prefeitos do Agro, onde foi um dos painelistas do debate “Novas Tecnologias – o que esperar do futuro”.

No começo acreditávamos que a irrigação seria apenas para garantir a terceira safra. Hoje, entendemos que ela é fundamental para assegurar a primeira

 
Em sua fala, Garcia lembrou que a Aprofr foi criada em 2014, por agricultores do município, com o objetivo inicial de incentivar uma terceira safra no estado, especialmente o feijão, e desenvolver projetos de irrigação. “No começo acreditávamos que a irrigação seria apenas para garantir a terceira safra. Hoje, entendemos que ela é fundamental para assegurar a primeira, a segunda e, em alguns casos, possibilitar a terceira”, afirmou.
 
O dirigente ressaltou que a irrigação é um instrumento essencial para reduzir riscos climáticos e garantir estabilidade ao produtor. Ele exemplificou com a seca registrada em 2023, que afetou gravemente o enchimento de grãos da soja em várias regiões de Mato Grosso, provocando prejuízos totais. “A falta de água gera perdas muito maiores que o excesso. É nesse ponto que a irrigação entra para proteger o agricultor”, frisou.
 
No debate, Gaarcia ainda destacou que a irrigação pode elevar a produtividade entre 25% e 35% por hectare, além de reduzir a pressão por abertura de novas áreas, já que permite produzir mais na mesma extensão de terra.

 
Apesar do potencial do estado para alcançar entre 8 e 10 milhões de hectares irrigados, atualmente Mato Grosso conta com apenas 240 mil hectares nessa condição. Entre os entraves, o presidente citou a burocracia para a liberação de outorgas, a falta de financiamento acessível e o alto custo da energia elétrica.
 
Ele também criticou a ausência de estudos atualizados sobre recursos hídricos no estado. Segundo ele, o último levantamento da Sema é de 2002, embora o próprio órgão reconheça a possibilidade de irrigar até 1 milhão de hectares. “Essa superpreocupação sem base técnica atrapalha o desenvolvimento do setor e prejudica o agricultor”, observou.
 
Na visão do presidente da Aprofr, a irrigação é ainda mais estratégica para a agricultura familiar e pode impulsionar a produção de frutas e hortaliças em Mato Grosso. Ele citou como exemplo o cultivo de mirtilo, que pode render até R$ 1,5 milhão por hectare bem conduzido, contra R$ 150 mil de uma lavoura de melancia.
 
“Temos 172 mil famílias na agricultura familiar em Mato Grosso. A única salvação para esses produtores é a irrigação, que permite trabalhar com produtos de alto valor agregado, garantindo renda e qualidade de vida”, disse.
 
Garcia lembrou ainda da missão técnica realizada a Nebraska, nos Estados Unidos, acompanhada pelo governador Mauro Mendes e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda. O estado americano é referência mundial em irrigação, com mais de 3,5 milhões de hectares irrigados.
 
Segundo ele, a experiência com técnicas adequadas de gestão da água, só mostra que Mato Grosso pode se tornar referência global em irrigação. “Nosso estado já é o maior produtor de soja, milho, algodão, proteína animal e etanol. Por que não ser também líder em frutas e hortaliças? Temos solo, água e clima para isso”, finalizou.



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