Um professor de 53 anos foi agredido a socos pelo pai de uma estudante, na manhã desta segunda-feira (20.10) dentro de uma escola do Distrito Federal. O ataque ocorreu após o professor pedir que a aluna parasse de usar o celular durante a aula.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o agressor, invade a sala de coordenação do centro educacional e atinge a cabeça do professor, que tenta se proteger enquanto funcionários intervêm.
A Polícia Militar foi chamada e levou o agressor à 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. O homem assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal, injúria e desacato, e vai responder em liberdade. O caso segue sob investigação.
LEI IGNORADA – A Lei nº 15.100/2025 restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis — como celulares e tablets — durante aulas, intervalos e recreios em todas as etapas da educação básica, tanto em escolas públicas quanto privadas. O uso desses dispositivos só é permitido para fins pedagógicos, de acessibilidade, inclusão ou saúde, sempre sob orientação dos professores.
Cada rede e escola tem autonomia para definir estratégias de implementação e regras detalhadas, mas a vedação geral está em vigor desde o início do ano letivo de 2025. O objetivo declarado é proteger a saúde mental e o desenvolvimento dos alunos, além de estimular a interação e a concentração durante as atividades escolares. Em caso de descumprimento, alunos podem ser advertidos e os responsáveis notificados.
CAMPEÃO – O Brasil figura entre os líderes mundiais em violência contra professor, com os números se agravando nos últimos anos. Segundo relatório publicado pelo Observatório do Estado Social Brasileiro em 2025, oito em cada dez educadores relataram já terem sofrido algum tipo de agressão no ambiente escolar somente em 2023.
Dentre essas agressões, as verbais são as mais frequentes, mas episódios de ataques físicos vêm crescendo e já atingem níveis alarmantes. Um levantamento da Unicef e de instituições parceiras mostra que um em cada dez professores presenciou tentativas de homicídio em escolas, enquanto quatro em cada dez já presenciaram agressões físicas no ambiente de trabalho.
Entre 2013 e 2023, os casos de violência interpessoal em escolas brasileiras cresceram 254%, saltando de 3.700 para 13.100 ocorrências anuais, segundo dados compilados pelo Ministério dos Direitos Humanos.
Situações de intimidação, constrangimento e abuso verbal se tornaram parte do cotidiano dos profissionais da educação, com cerca de 12,5% dos docentes afirmando já terem sido vítimas de agressões ou ameaças semanalmente, índice significativamente superior à média internacional.
Especialistas e entidades do setor defendem que, além de responsabilizar os agressores, é necessário investir em políticas públicas que fortaleçam a segurança nas escolas e promovam a saúde mental de toda a comunidade escolar, a fim de reverter esse quadro preocupante e garantir ambiente mais seguro para o ensino e para o profissional da educação.