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Quebra de sigilo bancário revela vínculos financeiros suspeitos em caso do homicídio de Renato Nery



A investigação sobre o assassinato do advogado Renato Nery ganhou novos contornos com a quebra do sigilo bancário da empresária Julinere Goulart Bentos. Documentos revelam transações financeiras com o policial militar Jackson Pereira Barbosa, apontado como o intermediador do crime, adensando as suspeitas contra os mandantes do homicídio.
Julinere e seu marido, César Jorge Sechi, foram detidos em 9 de abril deste ano, acusados de serem os mandantes da execução de Nery. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu que a motivação do crime seria uma acirrada disputa judicial por posse de terras em Novo São Joaquim, avaliadas em mais de R$ 30 milhões.
Transações atípicas e aquisição de luxo
Informações obtidas indicam que, após a morte do advogado, o policial militar Jackson Pereira, que está preso desde 17 de abril, adquiriu um veículo de luxo da marca Mercedes-Benz por meio de terceiros. A suspeita é que a compra tenha sido financiada por Julinere: no dia seguinte à aquisição do carro, transferências bancárias da empresária para Jackson, no valor de R$ 15 mil, foram identificadas. A estratégia de usar intermediários nas transações levantou a hipótese de que o objetivo era ocultar a origem dos recursos e a ligação com o PM. O veículo, uma Mercedes, foi apreendido na Operação Office Crime, em 18 de abril.
Outra transação sob análise ocorreu em dezembro de 2024, quando Jackson teria quitado uma dívida de aproximadamente R$ 50 mil em espécie. Na mesma data, Julinere realizou transferências de igual valor para contas de outros indivíduos investigados, o que levanta questionamentos sobre a possível conexão entre os pagamentos.
Movimentação milionária e suspeita de lavagem
A quebra do sigilo bancário também revelou que Julinere movimentou espantosos R$ 70 milhões em um período de apenas um ano, valor considerado atípico e incompatível com a renda declarada da empresária. A DHPP está agora investigando a origem desses recursos e a possível participação de terceiros, tanto no homicídio quanto em uma eventual prática de lavagem de capitais.
A encomenda do crime
A DHPP detalha que o casal de empresários teria travado uma batalha judicial de anos com Renato Nery. A contenda envolvia a reintegração de posse de uma área rural que Nery recebeu como honorários por um processo de mais de três décadas. Meses antes de sua morte, Nery havia obtido uma vitória judicial que bloqueou o arrendamento de mais de R$ 2 milhões da propriedade, o que é visto como o estopim para a decisão de encomendar o crime.
Para executar o plano, o casal teria contatado o PM Jackson, que era vizinho deles em Primavera do Leste. Jackson, por sua vez, teria intermediado o contato com o também policial militar Heron Teixeira Pena Vieira. Este último, então, teria contratado Alex Roberto de Queiroz Silva, seu ex-caseiro, para realizar os disparos. O valor prometido aos executores seria de R$ 200 mil. A não quitação do valor acordado teria gerado descontentamento entre os envolvidos e, posteriormente, a confissão de Heron aos investigadores, dias antes da prisão dos supostos mandantes.
Outros envolvidos 
A complexa teia criminal levou à indiciação de outros envolvidos. Policiais militares da Rotam – Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins – foram indiciados em 30 de abril por homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo, por supostamente forjarem um confronto para plantar a arma usada no crime.
Em 1º de maio, Heron Teixeira Pena Vieira e Alex Roberto de Queiroz Silva foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima). Jackson Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira, também PMs, foram indiciados em 23 de junho pelas mesmas qualificadoras. Finalmente, em 11 de julho, Julinere e César foram indiciados por homicídio qualificado.
O Crime
Renato Nery, ex-presidente da OAB-MT, foi brutalmente assassinado em 5 de julho de 2024. Ele foi atingido na cabeça ao chegar ao seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. Socorrido e levado ao Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, passou por cirurgias, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia seguinte.
*Com informações do Midia News



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