Rússia: os jovens que saem da escola para morrer na Ucrânia



Crédito, VK/BBCLegenda da foto, Muitos dos jovens ucranianos entraram no conflito diretamente ao saírem da escolaArticle InformationAuthor, Anastasia Platonova e Olga IvshinaRole, BBC News RússiaHá 19 minutosUma investigação do Serviço Russo da BBC revelou que pelo menos 245 jovens russos de 18 anos foram mortos lutando na Ucrânia, nos últimos dois anos.Muitos deles entraram no conflito diretamente ao saírem da escola. Eles fizeram uso das novas regras que permitiam que eles eliminassem o serviço militar e seguissem direto para o exército normal, como soldados contratados.Alguns dos jovens constantes da nossa lista foram mortos em questão de semanas.A BBC News Rússia conversou com famílias enlutadas para saber por que jovens recém-saídos da escola, que estão apenas começando a vida, vêm se alistando para morrer na brutal guerra de Vladimir Putin.O sonho desfeitoNo dia 7 de maio de 2025, alunos da escola n° 110 na cidade de Chelyabinsk, na Rússia europeia, participaram de uma cerimônia para marcar o 80° aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).As crianças desfilaram no salão da escola, agitando bandeiras da Rússia e da antiga União Soviética (1922-1991). Elas também carregavam retratos de ex-alunos que foram lutar na guerra atual, sendo travada na Ucrânia.Uma das fotografias era de Aleksandr Petlinsky, que se alistou duas semanas após completar 18 anos. Ele foi morto apenas 20 dias depois. Sua mãe Elena e sua tia Ekaterina ficaram lado a lado no salão, assistindo à cerimônia em lágrimas.Após um minuto de silêncio em homenagem aos mortos, Ekaterina subiu ao palco para falar sobre o sobrinho.Sasha, como ela o chamava, era um menino apaixonado e determinado. Ele sonhava com uma carreira como médico e havia conseguido uma vaga na Faculdade de Medicina de Chelyabinsk.”Mas Sasha tinha outro sonho, acrescentou Ekaterina, após uma pausa. “Quando a operação militar especial começou, Sasha tinha 15 anos de idade. E ele sonhava em ir para o front.”Ela se referia à guerra na Ucrânia, lançada pela Rússia em fevereiro de 2022.Sasha Petlinsky é um dentre pelo menos 245 jovens de 18 anos mortos na Ucrânia nos últimos dois anos, segundo informações em domínio público compiladas e confirmadas pelo Serviço Russo da BBC.Crédito, Ekaterina Orekhova/VKLegenda da foto, A comemoração do Dia da Vitória, na escola onde estudava Aleksandr PetlinskyMudanças das normasDesde os primeiros meses da guerra na Ucrânia, o envolvimento de pessoas muito jovens em combate tem sido objeto de debate na Rússia.Inicialmente, o foco era nos recrutas do exército.O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou diversas vezes que nenhum jovem convocado para o serviço militar obrigatório com 18 anos de idade seria enviado para lutar na Ucrânia.Mas, em março de 2022, apenas quatro dias depois da promessa de Putin de que a Rússia não envolveria recrutas na chamada “operação militar especial”, o Ministério da Defesa do país admitiu que alguns deles realmente haviam sido destacados para a zona de combate.A BBC confirmou os nomes de pelo menos 81 recrutas mortos na Ucrânia durante o primeiro ano da guerra. E as autoridades ucranianas afirmam terem capturado “centenas” de outros.O exército russo deixou de enviar recrutas para lutar na Ucrânia. Mas existem outras formas que levam pessoas muito jovens para o conflito.Quando as tropas ucranianas ocuparam partes da região russa de Kursk, em agosto de 2024, recrutas que patrulhavam a fronteira estavam entre os primeiros a sofrer os ataques.Mas, segundo os dados coletados pela BBC, a maior parte dos jovens de 18 anos acaba no campo de batalha ao se inscreverem como soldados contratados.Na primavera de 2022 no hemisfério norte, as autoridades russas alteraram a legislação para incentivar ativamente os homens com idade de combate a se alistarem. E, desde 2023, autoridades regionais vêm oferecendo altos pagamentos em dinheiro para os novos recrutas.Inicialmente, os jovens que queriam fazer uso das novas regras precisavam ter pelo menos três meses de serviço militar. Mas, em 2023, esta restrição foi silenciosamente eliminada, apesar dos protestos de alguns parlamentares.Agora, qualquer jovem que tenha atingido 18 anos de idade e se formado no ensino médio pode se inscrever no exército russo.A parlamentar Nina Ostanina chefia o Comitê da Família da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Ela alertou que as mudanças trariam consequências desastrosas para os formandos vulneráveis.”As crianças que acabam de sair da sala de aula e querem ganhar dinheiro hoje em dia, assinando um contrato, simplesmente ficarão desprotegidas”, afirmou ela.Crédito, PERM 36/6, TVK, CHP NIZHNEVARTOVSKLegenda da foto, Anúncios de serviço militar contratado na região de Perm, na Rússia europeia’Serviço contratado — um futuro de valor’Desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia, professores russos foram obrigados por lei a oferecer aulas dedicadas à chamada “operação militar especial”.E, à medida que a guerra se aprofundava, passou a ser comum que os soldados retornassem do front para visitar as escolas e contar suas experiências.As crianças aprendem a fazer redes de camuflagem e velas de trincheira. Os próprios alunos do jardim da infância são incentivados a enviar cartas e desenhos para os soldados na linha de combate.Desde que os jovens de 18 anos foram autorizados a assinar contratos para entrar no exército, muitos órgãos de imprensa independentes da Rússia relataram que as escolas estão aumentando seus esforços para promover o serviço militar contratado.Em Perm, na Rússia europeia, os alunos das escolas receberam folhetos com a foto de um homem de meia-idade em uniforme militar, abraçando sua esposa e seu jovem filho. O slogan diz: “serviço contratado — um futuro de valor!”Na região autônoma russa de Khanty-Mansisk, nos montes Urais, cartazes nos quadros de avisos das escolas incentivam as pessoas a “defender a Pátria ombro a ombro”. E, em Krasnoyarsk, no oeste da Sibéria, um cartaz com a frase “ligue agora” foi colocado em um quadro em sala de aula.No início do novo ano escolar, em 1° de setembro de 2024, o currículo passou a incluir uma nova disciplina.Em muitas regiões do país, os recrutadores militares comparecem a aulas de carreira em escolas e faculdades técnicas. Eles ensinam os jovens a se inscrever como soldados contratados depois de se formarem.Em abril de 2024, Konstantin Dizendorf, chefe do Distrito de Taseyevsky, na região de Krasnoyarsk, visitou uma faculdade técnica local para conversar com os alunos sobre seu futuro. Ele selecionou um estudante específico para elogiá-lo.Aleksandr Vinshu, de 18 anos, já havia anunciado sua intenção de entrar para o exército. Ele foi considerado um herói local e foi autorizado a prestar seus exames finais mais cedo, para poder se alistar o mais rápido possível.Sete meses depois, em novembro de 2024, chegou a notícia da morte de Vinshu.Crédito, VKLegenda da foto, Aleksandr VinshuA contagem dos jovens mortos na guerraA BBC News Rússia identificou e confirmou os nomes de 245 soldados contratados de 18 anos mortos na Ucrânia entre abril de 2023 e maio de 2025.Todos eles foram recrutados como soldados contratados. E, a julgar pelos seus obituários publicados, a maioria entrou nas forças armadas voluntariamente.Mas 21 deles haviam saído da escola há muito pouco tempo e assinaram seus contratos enquanto prestavam o serviço militar.As famílias de alguns desses jovens alegam que oficiais superiores os pressionaram a se alistar.Os dados da BBC mostram que as regiões com o maior número de mortos entre jovens de 18 anos ficam na Sibéria ou no extremo leste da Rússia. Confirmamos 11 mortos na região de Novosibirsk, outros 11 em Zabaykalsky e mais 10 nas regiões de Altai e Primorsky, respectivamente.Os números da BBC são baseados em informações de domínio público. E, como nem todas as mortes são informadas, o número real de perdas entre soldados contratados de 18 anos provavelmente é maior.Mas é importante observar que estes números ainda são muito menores que os da perda de homens mais velhos que foram contratados para servir o exército russo.Os dados em domínio público coletados pela BBC desde o início da invasão em larga escala identificaram os nomes de 2.812 indivíduos, com 18 a 20 anos de idade, que foram mortos na Ucrânia, contra 8.267 mortes de homens de 45 a 47 anos.Soldados mais velhos podem enfrentar índices de mortalidade mais altos por se encontrarem em forma física inferior. Mas o forte desequilíbrio provavelmente também reflete a menor disposição dos jovens para se alistar, mesmo com a oferta de substanciais incentivos financeiros.Esta possibilidade está de acordo com uma pesquisa de opinião realizada pela organização independente Centro Levada, em maio de 2025. Ela demonstrou que 35% dos jovens com 18 a 24 anos de idade apoiam a guerra na Ucrânia, em comparação com 42% na faixa de 40 a 54 anos e 54% das pessoas com mais de 55 anos.Olhos brilhantesAleksandr Petlinsky era um jovem gentil que gostava de ajudar os outros, segundo seus amigos.Ele adorava desenhar e estava sempre pronto para fazer esboços dos personagens favoritos dos seus colegas.Petlinsky também era um membro ativo de uma organização local de jovens. Ele coletava livros para as bibliotecas locais, visitava museus locais e organizava reuniões com uma enfermeira que havia trabalhado na linha de frente na Ucrânia.Todas as pessoas entrevistadas pela BBC News Rússia contaram que o menino sonhava em ser médico, mas ninguém parecia saber que ele também sonhava em entrar para o exército e ir lutar na Ucrânia.Crédito, VKLegenda da foto, Aleksandr Petlinsky, na sua formatura da 9ª sérieNo dia 31 de janeiro de 2025, Aleksandr Petlinsky completou 18 anos. Sua primeira ação foi pedir um ano de licença da faculdade, para poder assinar o contrato com o Ministério da Defesa da Rússia.”Quando ele apresentou o pedido, perguntei o que sua mãe iria dizer”, contou a secretária da faculdade posteriormente aos jornalistas locais.”Ele respondeu: ‘O que isso tem a ver com a minha mãe? É a minha escolha.’ Seus olhos brilhavam.”Apenas três semanas depois, Petlinsky já havia assinado seu contrato e entrado na sua unidade de treinamento. E, pouco antes de sair, ele encontrou sua amiga Anastasia.Os dois antigos colegas de classe se sentaram em um banco e conversaram sobre desenhos. Petlinsky desenhou uma tocha com uma chama no pulso de Anastasia, como presente de despedida.Aquela foi a última vez que ela viu o amigo.Algemado e espancadoA história do jovem de 18 anos Vitaly Ivanov, da região russa de Irkutsk, na Sibéria, e como entrou para o exército não poderia ser mais diferente.Ele nasceu e cresceu em Tayturka, uma pequena aldeia de trabalhadores a duas horas de Irkutsk, onde moram apenas 5 mil pessoas.No ensino médio, ele e seu amigo Misha haviam trabalhado em meio período em uma casa de caldeiras local. Eles também ajudaram a colher batatas nos jardins.No verão, Ivanov ganhava dinheiro levando castelos infláveis pelas aldeias vizinhas.Naquela época, ele conheceu uma jovem que chamaremos de Alina. Eles começaram a namorar e Ivanov a visitava com frequência.Ele também a ajudava, colhendo batatas na sua fazenda e fazendo consertos pela casa.Crédito, Vitaly Ivanov/VKLegenda da foto, Vitaly Ivanov na infância”Ele costumava me dizer que eu estava sob a asa dele, sob sua proteção”, conta Alina. Mas, às vezes, quando eles discutiam, Ivanov ameaçava deixá-la e se alistar no exército.”Era como [se ele dissesse] ‘eu vou e vou ficar bem'”, relembra Alina.Quando completou 16 anos, Ivanov saiu da escola e conseguiu uma vaga de aprendiz de mecânico em uma escola local, mas logo saiu.Aos 18 anos, ele planejou prestar seu serviço militar obrigatório e, em seguida, ir para Kazan, para trabalhar em turnos na construção de rodovias, contou seu amigo Misha à BBC. Mas, em novembro de 2024, tudo mudou.Houve um assalto a uma loja local. E, quando os policiais examinaram as imagens de circuito fechado, eles concluíram que um dos assaltantes se parecia com Ivanov.Sua mãe Anna contou à BBC que ele era conhecido da polícia. No ano anterior, ele havia sido preso depois de entrar em uma briga com alguém que, segundo ela, era um traficante de drogas local. Ivanov foi acusado e condenado a prestar serviços comunitários.Ele foi intimado pela polícia e mantido na delegacia por várias horas. Quando foi finalmente liberado, ele enviou para sua namorada uma mensagem de vídeo pelo Telegram que ela compartilhou com a BBC.Nela, Ivanov chora ao contar para a namorada que foi algemado e espancado pela polícia.”Aqueles demônios foram tão horríveis”, conta ele, entre soluços. “Fiquei profundamente abalado.”Ivanov contou à sua mãe e à namorada que a polícia queria que ele confessasse o roubo. Sua mãe acha que foi a polícia quem disse a ele que assinasse um contrato para entrar no exército.”É compreensível, ele estava assustado, ele tinha apenas 18 anos”, ela conta. “Eles o algemaram e bateram nele por duas horas.”Crédito, Vitaly IvanovLegenda da foto, Vitaly Ivanov se queixou de ter sido agredido na delegacia de polícia para que confessasse o rouboAo sair da delegacia, Ivanov encontrou Misha e contou a ele que havia decidido se alistar no exército. Misha ficou em choque.”Eu perguntei ‘para que você quer fazer isso? Venha comigo para Kazan, para trabalhar na construção de estradas. Será muito melhor para você.'”Misha contou à BBC que outro amigo também havia tentado dissuadi-lo. Mas Ivanov excluiu todas as suas mensagens e interrompeu os contatos.No dia antes de sair de casa, Ivanov ligou para sua mãe, que havia saído para trabalhar.”Mãe, estou saindo cedo”, disse ele.”Para Kazan? OK, boa viagem”, respondeu ela.”Não, mãe, você não entendeu. Vou para a operação militar especial”, respondeu ele.Anna conta que “chorou a noite toda”.”Ele manteve tanto segredo sobre aquilo tudo”, relembra ela. “Ele não me contou nada. Nunca reclamou. E fez tudo pelas minhas costas.”Alina relembra que, quando eles se encontraram pela última vez, Ivanov parecia completamente calmo.Ele se despediu de forma contida e disse para ela não chorar. Em seguida, ele foi calmamente para casa, embalou suas coisas e saiu para a estação do trem.Por conselho de um amigo que já havia estado no front, ele decidiu se alistar na região de Samara, não em Irkutsk. No outono de 2024, a região de Samara pagava alguns dos maiores bônus de alistamento do país.Ivanov teria recebido cerca de quatro milhões de rublos (cerca de US$ 50 mil, ou R$ 278 mil) em bônus regionais e federais. Uma soma quase inimaginável para um menino de 18 anos do interior, com pouca formação e perspectivas ainda menores.Primeira e última missãoPor caminhos muito diferentes, Vitaly Ivanov e Aleksandr Petlinsky, pouco depois que ambos completaram 18 anos de idade, chegaram ao front mais ou menos na mesma época, em fevereiro de 2025.Alina relembra que, quando Ivanov ainda estava em treinamento, eles mantiveram contato constante.”Ele escrevia que lamentava aquilo”, ela conta. “Que tinha dificuldade para dormir.””Mãe, eu percebi que isso não é brincadeira”, relembra Anna, sobre suas palavras.Depois de apenas duas semanas de treinamento, Ivanov foi destacado para uma função de reconhecimento militar.”Filho, você aprendeu alguma coisa no treinamento?”, perguntou Alina.Mas a resposta do filho não foi animadora.Crédito, Anna Gromova/OKLegenda da foto, Vitaly Ivanov na guerra”Mãe, para se tornar um verdadeiro soldado de reconhecimento, é preciso estudar três anos!”, respondeu ele. “Eu aprendi só um pouquinho.”Anna soube de Ivanov pela última vez em 5 de fevereiro. Ele escreveu contando que estava sendo enviado para uma missão de combate.”Aquela foi a sua primeira e última missão”, lamenta Anna.No dia 4 de março, oficiais do escritório de alistamento militar telefonaram para Anna e a informaram que seu filho havia sido morto em combate no dia 11 de fevereiro de 2025. Ele havia servido apenas uma semana na frente de batalha.Seu corpo foi trazido de volta para Tayturka em um caixão de zinco. Dezenas de pessoas vieram prestar seus respeitos e o caixão foi levado para o cemitério local.Autoridades municipais fizeram discursos durante o funeral.”Eles disseram que ele deu a vida pela nossa pátria, que ele foi corajoso e saiu para lutar. Aquilo que costumam dizer”, conta Misha.”Mas todos se perguntavam por que ele fez aquilo e diziam que não havia sentido em ir para a guerra com tão pouca idade. Muitas pessoas ainda não conseguiam acreditar, incluindo eu.”A família e os amigos de Ivanov não comentaram o fato de que sua participação na guerra poderia ter causado a morte de soldados ou civis ucranianos.Profundamente abaladosUm mês após a morte de Ivanov, Petlinsky também foi morto, em 9 de março.Seus amigos do movimento local de jovens postaram uma mensagem memorial online, destacando que ele havia “morrido na linha de combate militar durante a Operação Militar Especial”.”Como ele poderia estar lá se havia acabado de completar 18 anos um mês antes???”, escreveu alguém na seção de comentários.Crédito, Aleksandr PetlinskyLegenda da foto, Retrato do funeral de Aleksandr Petlinsky”Como cidadã da Federação Russa, tenho orgulho do meu filho. Mas, como mãe, não consigo superar a perda”, contou a mãe de Petlinsky, Elena, à BBC. Ela se recusou a dizer mais.A BBC só conseguiu falar com a mãe de Ivanov, Anna, na segunda ou terceira tentativa. Nos primeiros minutos da ligação, ela soluçava e não conseguia falar.Anna contou que continuava repassando na mente sua última despedida para o filho. “Parece ter sido ainda ontem”, segundo ela.A amiga de Petlinsky, Anastasia, declarou que, para ela, o fato de que jovens de 18 anos estão assinando contratos para se alistar no exército, agora, é um “tema muito doloroso”.”Eles são jovens, ingênuos e há muitas coisas que eles não entendem”, segundo ela. “Eles simplesmente não compreendem toda a responsabilidade do que estão fazendo.”Anastasia não comentou quais poderiam ter sido as consequências da participação de Petlinsky na guerra para as pessoas na Ucrânia.’Ninguém tem interesse’A morte de Aleksandr Petlinsky e Vitaly Ivanov afetou profundamente seus amigos e as famílias. Mas o fato de que jovens de 18 anos estão se alistando e sendo mortos na Ucrânia, até agora, não parece ter tido maior repercussão na sociedade russa.A família de outro homem muito jovem que se alistou na escola e foi morto muito pouco tempo depois realmente tentou defender a suspensão do envio de recém-formados do ensino médio para a frente de batalha.Daniil Chistyakov, de Smolensk, no oeste da Rússia, havia comemorado seu 18° aniversário há menos de dois meses quando foi morto.Como Petlinsky e Ivanov, ele havia acabado de chegar ao front. Sua família só descobriu que ele estava entrando no exército no dia em que se alistou.”Escrevi para muitas agências, tentando falar com alguém, para que a lei que permite que jovens de 18 anos assinem contratos fosse revogada”, contou um de seus parentes à BBC. “Mas ninguém teve interesse, nem se preocupou.”A mãe de Petlinsky, Anna, tentou fazer contato com as autoridades, sem sucesso, para investigar os policiais que detiveram seu filho e que ela acredita sejam os responsáveis pela sua súbita decisão de se alistar.Nos seus esforços para “conseguir justiça”, ela também escreveu uma longa carta sobre o caso do seu filho para o programa de entrevistas Homens e Mulheres em Moscou, do canal 1 da TV estatal. A carta foi enviada por correio registrado, mas ninguém do programa foi até a agência dos correios para retirá-la.



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