Crédito, EPALegenda da foto, Silas Malafaia prestou depoimento na quarta-feira e voltou a atacar Alexandre de MoraesArticle InformationAuthor, Daniel GallasRole, Da BBC News Brasil em Londres21 agosto 2025, 05:29 -03Atualizado Há 3 horasA Polícia Federal foi autorizada a acessar dispositivos eletrônicos apreendidos e a quebrar sigilos bancário, fiscal e telefônico do pastor.Malafaia prestou depoimento à polícia na noite de quarta-feira (20/08). Na saída, ele foi recebido por apoiadores e em declarações a jornalistas criticou Moraes, a quem chamou de criminoso.”Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido. Apreender meu telefone? Vai descobrir o quê? Eu ainda dei a senha, porque eu não tenho medo de nada”, disse Malafaia.”Conversa com Bolsonaro… eu estou proibido de falar com ele. [Eu] converso com amigos. Eu tenho conversa de amigo. E conversas particulares não interessam a ninguém. Que país é esse que vaza conversas minhas particulares, como se eu instruísse Eduardo: ‘olha, faz assim, ou faz assado’. Quem sou eu? A posição de Eduardo é dele.””É uma vergonha. Que país é esse? Que democracia é essa? Eu não vou me calar. Vai ter que me prender para me calar.”O indiciamento significa que, para a PF, há elementos para crer que pai e filho atuaram para pressionar autoridades envolvidas no curso do processo — que entrará na reta final a partir de setembro.Conversas com Bolsonaro e postagens em redeO STF afirma que a decisão de Moraes foi tomada com base em um pedido feito pela Polícia Federal e com manifestação favorável da Procuradoria Geral da República (PGR).A Suprema Corte diz que Malafaia está sendo investigado por suposta participação em crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação envolvendo organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.A decisão de Moraes foi tomada depois que a Polícia Federal apresentou trocas de mensagens entre Malafaia e Jair Bolsonaro ocorridas após o anúncio de imposição pelos EUA de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.Segundo a polícia, as mensagens sugerem que existe uma articulação para vincular o fim das sanções à concessão de anistia a pessoas envolvidas na invasão de Brasília em 8 de janeiro de 2023.Em uma das mensagens, Malafaia afirma que “a próxima retaliação vai ser contra ministros do STF e suas famílias. Vão dobrar a aposta apoiando o ditador? DUVIDO!”Segundo o STF, o pastor orienta Bolsonaro por meio de áudios e textos de celular a condicionar a suspensão das tarifas à anistia, sugerindo ainda a gravação de vídeos para “viralizar” a narrativa. Em um trecho, ele diz que “tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa”.A Procuradoria Geral da República deu um parecer recomendando as medidas contra Malafaia. Na sua manifestação, a PGR afirma que Malafaia atuou como “orientador e auxiliar” nas ações de coação e obstrução promovidas por Jair e Eduardo Bolsonaro com o objetivo de interferir no andamento da ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.Na sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que as condutas de Silas Malafaia em conjunto com Jair Bolsonaro caracterizam “claros e expressos atos executórios”, em especial dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa.Moraes justificou a medida contra Malafaia dizendo que sua conduta influencia diretamente Bolsonaro, e inclui “postagem de conteúdos nas redes sociais previamente combinados”.O ministro disse que há “fortes evidências” de que Malafaia “atua na construção de uma campanha criminosa orquestrada, destinada à criação, produção e divulgação de ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal” e comparou essa atuação à de milícias digitais.A Polícia Federal terá 15 dias para apresentar um relatório parcial sobre o material apreendido de Silas Malafaia.Na semana passada, o próprio Silas Malafaia divulgou que estava sendo investigado. Em vídeo publicado no X em 15 de agosto, Malafaia disse que ficou sabendo pela televisão da investigação.”Eu só sei disso pela Globo News. Eu não recebo notificação nenhuma. Que país é esse, onde a Polícia Federal vaza alguma acusação contra alguém pra Globo e depois você vai ficar sabendo?”, disse.”Estou sendo investigado pela Polícia Federal em um inquérito. Eu reconheço a Polícia Federal, que é uma honra para os brasileiros, só que tem uma Polícia Federal a serviço de Lula e de Alexandre Moraes.”Malafaia foi organizador do ato de apoio a Jair Bolsonaro no dia 3 de agosto, evento em que Bolsonaro apareceu em um vídeo transmitido por redes sociais de terceiros e que resultou na prisão domiciliar do ex-presidente no dia seguinte, 4 de agosto.
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