A Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) manifestou preocupação diante da recente decisão do governo dos Estados Unidos de intensificar as tarifas sobre produtos brasileiros. Com o imposto de importação saltando para 50% após o acréscimo de mais 40% anunciado ontem, a entidade vê um cenário difícil para as exportações do estado, especialmente para bens industrializados, que compõem aproximadamente 90% do volume enviado pelo Mato Grosso ao mercado norte-americano.
O impacto da medida é significativo: de acordo com dados da Fiemt, cinco dos seis principais itens exportados pelo estado aos EUA passaram a ser taxados pela nova alíquota. Carne bovina, gelatina, sebo (gordura animal), soja e madeira perfilada estão na lista dos atingidos; apenas o ouro ficou de fora da cobrança adicional. Esses produtos, juntos, respondem por 98% dos embarques mato-grossenses aos EUA e devem sentir de imediato os efeitos da decisão.
Ainda segundo a entidade, das 54 mercadorias embarcadas de Mato Grosso para o mercado americano, 41 estão agora sujeitas à tarifa majorada — o equivalente a 76% do total exportado. Em termos financeiros, das vendas de US$ 415 milhões realizadas em 2024, US$ 266 milhões (ou 65%) representam produtos que passaram a pagar o novo imposto.
A Fiemt ressalta que medidas unilaterais como esta minam a previsibilidade, segurança jurídica e a confiança entre países parceiros. Em nota, enfatizou que a indústria do estado se apoia em inovação e competitividade para crescer de maneira sustentável e agregar valor às exportações, apesar das adversidades externas.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, avalia que a situação abre espaço para diversificação comercial. Segundo ele, há potencial para o Brasil focar em novos mercados, como o Japão, já considerado livre de febre aftosa sem vacinação. Miranda lembrou que Mato Grosso é pioneiro no processo de certificação, fortalecendo a posição do estado para explorar essas oportunidades.
A polêmica ganhou força após a assinatura, pelo presidente Donald Trump, do decreto que oficializou o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros — incluindo a carne bovina. Num contexto de acirramento das disputas comerciais, a certificação sanitária do estado desponta como vantagem estratégica para o Brasil continuar expandindo sua participação global, ainda que enfrente barreiras de parceiros tradicionais.